O que pretendemos

A Montis

A Montis - Associação de Conservação da Natureza tem como objectivo central gerir territórios com objectivos de conservação da natureza, designadamente garantindo o desenvolvimento dos processos naturais, promovendo a conservação de espécies autóctones, gerindo inteligentemente os fogos florestais e outros riscos naturais, aumentando o valor de mercado da biodiversidade.

O conjunto de valores naturais em presença é muito grande, embora mal estudado: as populações de lobo a Sul do Douro, as mais ameaçadas do país, uma grande quantidade de rios e riachos de montanha, onde o processo de abandono agrícola tem permitido a recuperação notável da vegetação, misturando as espécies características dos carvalhais e matas ripícolas com relíquias do terciário, uma grande diversidade e densidade de anfíbios, alguns invertebrados endémicos (dos poucos estudados), várias espécies de flora relevantes, uma enorme diversidade de avifauna, etc., a que se alia uma paisagem de grande qualidade.

O que pretendemos é adquirir terrenos, prioritariamente nesta região mas sem descurar oportunidades noutras localizações, e geri-los de forma a aumentar a biodiversidade, a garantir a sustentabilidade da gestão, quer própria, quer, pelo exemplo, de outros proprietários e aumentar a criação de emprego.

Acreditamos que a capacidade de gerir é um instrumento fundamental para uma gestão inteligente dos territórios marginais que sofrem neste momento um profundo processo de abandono.


Motivação

A conservação da natureza tem como objecto a conservação de valores que nem sempre são susceptíveis de valorização no mercado.

Por essa razão implica uma gestão do território que pode não ter proveitos suficientes para cobrir os seus custos.

Nestas circunstâncias ou as pessoas comuns mobilizam recursos obtidos noutras actividades para garantir essa conservação, ou o Estado assume inteiramente esse encargo, ou os valores correm o risco de ser preteridos face a decisões mais racionais do ponto de vista da rentabilidade das propriedades.

Com este projecto as pessoas que se associarem à Montis podem a ter a garantia de que os recursos que aplicarem são directamente aplicados na compra de terrenos que assim fogem à lógica de rentabilização mais directa.

As pessoas passam a ter a possibilidade de visitar áreas geridas prioritariamente para a conservação, o que as torna diferentes e permite o contacto directo com paisagens, plantas e animais que raramente se encontram noutro contexto.


A Diferença

O que torna este projecto diferente é o facto de o seu foco estar na compra de terrenos e, na medida do possível, na criação de valor de mercado a partir dos valores naturais, dando por isso a garantia de continuidade na conservação dos valores que lá se encontram, associado ao facto de ser feito um grande esforço de transparência e comunicação de resultados, incluindo a abertura para a verificação directa no terreno através da visitação, transmitindo confiança aos seus apoiantes.


Desenvolvimento do Projecto

O projecto Montis pretende desenvolver-se com apoios externos e sempre centrado na compra de terrenos com elevado valor para a conservação da natureza, como descrito acima.

Procura-se um modelo de crescimento orgânico, faseado, assente na custódia directa de territórios, preferencialmente através da compra de terrenos ou de acordos de gestão, quando seja essa a oportunidade, em vez de um projecto global, com recursos abundantes. Será por conseguinte um processo relativamente lento mas assente em etapas firmes e sustentadas (ver Nota).

O projecto desenvolver-se-á no sentido de os instrumentos de gestão de habitat favoráveis à conservação serem tanto quanto possível sustentáveis e geradores de riqueza, ou pouco consumidores de recursos em relação a alternativas mais clássicas de intervenção.

Este objectivo de sustentabilidade do projecto pressupõe encontrar fontes de financiamento, seja para as acções que são intrinsecamente deficitárias, seja garantindo o maior valor de mercado possível para os produtos resultantes do projecto, seja mobilizando donativos, seja aumentando o número de sócios que permitam garantir os recursos mínimos para estabilizar a estrutura de suporte da Montis.

Por essa razão, o projecto precisa de visibilidade e de chegar aos centros urbanos, onde estão os consumidores e doadores mais próximos das ideias que motivam o projecto. É cada vez maior o número de pessoas que nos seus tempos livres procura locais onde sabe que a natureza ainda é uma realidade e a sua conservação uma prioridade. Mas também muitas pessoas que nunca irão às serras onde se desenvolve o projecto gostam de saber que há outras pessoas que deitam mãos à obra e desenvolvem acções positivas para a conservação da natureza, por exemplo, contribuindo para que haja lobos em liberdade ou sítios onde as árvores morram de pé.

O projecto tem a ambição de ter uma gestão muito orientada no sentido de garantir a confiança e transparência dos apoiantes no bom uso dos recursos postos à disposição de uma gestão que se pretende que seja eficiente nos aspectos de conservação e forte na comunicação.

Inicialmente o importante é conseguir gerir uma área que se admite que possa alcançar cerca de 100 hectares (excluindo áreas de eventuais parceiros, que poderão, ou não, acrescer a estas). Nessa fase de desenvolvimento o essencial será a presença no terreno e uma certa contiguidade das propriedades para ganhar um mínimo de escala (a Faia Brava (ver nota), começou com 30 hectares e hoje abrange 800).

Estabelecida uma primeira base que permita ao projecto ter visibilidade e sustentabilidade, os passos seguintes terão como objectivo a criação de valor a partir dessa base e replicar progressivamente o modelo noutras áreas de gestão com interesse para a conservação da biodiversidade.


Concretização imediata

Como referido, procurar-se-á assentar a captação de recursos nas quotas dos sócios, em campanhas de crowdfunding (ou financiamento colectivo), em doações e prestações de serviços, incluindo de visitação.

A quota anual será de 20 euros e pode ser paga com recurso a transferência bancária para o NIB 0045 3190 4026391995615 da Caixa de Crédito Agrícola.

De imediato pretende-se contratar uma pessoa que garanta uma resposta eficiente aos sócios e outros parceiros, que identifique terrenos que possam ser comprados e tenham interesse para a Montis, que construa uma rede de parceiros que permita o desenvolvimento da associação.

Numa fase inicial, e tendo sempre presente a preocupação de actuar de forma sustentada, não será possível pensar em compras de grandes terrenos, mas procurar-se-á comprar terrenos suficientes para servir de base e exemplo de uma gestão que possa ser positiva tanto do ponto de vista da conservação da biodiversidade, como do da criação de valor e emprego.


Nota: A ideia de base não é original, sendo até vulgar nos países de tradição anglo-saxónica. Em Portugal, não sendo comum, tem um bom exemplo na Reserva da Faia Brava (da ATN, Associação Transumância e Natureza), a primeira área protegida privada em Portugal mas, sobretudo, um modelo de gestão simples e eficaz: a custódia directa do território aliada a um empenho forte no trabalho de campo permite uma gestão com resultados importantes para a conservação, ao mesmo tempo que cria riqueza e emprego em zonas deprimidas.