Nós e o lobo


A imagem de cima mostra o conjunto das três propriedades que a Montis gere entre os rio Vouga e Douro, a área da população de lobo mais ameaçada em Portugal.

Naturalmente faremos uma gestão que procure apoiar os esforços de recuperação da espécie, e procuraremos articular a gestão que fazemos com as de outros que também gerem terrenos na região com o mesmo objectivo.

Nem nós, nem aliás ninguém em Portugal, irá soltar lobos, isso é claro, mas lentamente procuraremos melhorar as condições para a espécie, incluindo o esforço que for possível para termos mais presas selvagens disponíveis para as populações de lobo.

Temos consciência quer da relativa importância do nosso esforço (temos poucos recursos e os nossos terrenos são apenas pontos de apoio numa paisagem mais vasta), quer da distância que nos separa de muita gente que na região vê o lobo como uma ameaça a extinguir.

Mas temos também uma vontade muito grande de trabalhar e colaborar com quem pensa de forma diferente da nossa, sabendo o que nos separa mas também o que temos em comum: o interesse em ter pessoas que gostam de viver na região, vivem da economia que permite gerir a paisagem e querem, tanto como qualquer um de nós, ter uma vida digna.

O que nos separa é o facto de entendermos que o lobo é uma riqueza que pode trazer emprego e recursos para a região e outros entenderem que é uma ameaça a algumas fileiras económicas, com destaque para a criação de gado.

É a nós que cabe demonstrar que temos razão, que é possível criar mais economia com o lobo presente que na sua ausência.

Não é tarefa fácil, demorará sempre tempo mas é no que estamos empenhados e é também por isso que o segundo colóquio que estamos a organizar, em 23 de Maio, é sobre as Pessoas da Natureza, depois do primeiro ter sido sobre a economia da biodiversidade.

Venham daí conversar sobre o assunto, mesmo que vos pareça que não há qualquer hipótese de estarmos de acordo em algum ponto.

Da nossa parte, não tencionamos deixar de defender de forma clara o que pensamos e pretendemos fazer, mas sabemos que há muito mais coisas que podemos fazer em conjunto do que parece à primeira vista, mesmo quando temos grandes discordâncias nalgumas matérias.

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