O post anterior, remetendo para a próxima Primavera o momento em que esperamos ter informação suficiente para agir sensatamente sobre a gestão dos nossos carvalhais ardidos, terá provocado algumas perplexidades: vão ficar de braços cruzados, à espera?
É uma perplexidade compreensível, igual à que assalta quem vê um fogo a crescer ameaçadoramente e não compreende o que faz um dispositivo de combate a quilómetros de distância, em vez de atacar corajosamente a frente de fogo.
Vale por isso a pena explicar de novo o modelo de intervenção da Montis, a que às vezes chamamos "o caminho da suavidade", usando uma tradução portuguesa de Judo, pegando no caso concreto destes carvalhais.
Neste momento a questão central é saber se a intensidade do fogo matou a parte aérea dos carvalhos, levando a que na próxima Primavera rebentem na base, em várias pernadas, ou se apesar do fogo aparentemente ter sido intenso, a sua severidade, isto é, o seu efeito nas plantas, é compatível com a sobrevivência das copas, que rebentarão em cima, na próxima Primavera.
Em qualquer dos dois casos sabemos que muito pouco do que está debaixo do solo foi afectado e é uma base muito sólida para o que se passará nos próximos tempos.
No primeiro caso, o mais desfavorável, as acções de gestão serão orientadas para escolher as melhores pernadas, aproveitar a disponibilidade de nutrientes no solo que as cinzas provocam, e procurar fazer crescer as melhores pernadas em altura, o mais rapidamente possível, talvez com algum controlo da competição com outras plantas, sabendo que temos agora oito a dez anos em que, provavelmente, a área não vai arder, não sendo, por isso, a criação de sombra a maior urgência.
Desta forma esperamos ter, no próximo fogo, um carvalhal em que as copas estão mais longe do solo, formando uma mata que é menos afectada pelo próximo fogo, o que pode ser exemplificado com este carvalhal maduro nas proximidades dos nossos terrenos, em que é visível uma menor afectação das copas dos carvalhos, apesar da intensidade do fogo que também parece ter sido elevada:
No segundo caso, uma situação mais favorável, o recuo no desenvolvimento dos carvalhos é menor, o que nos permite uma gestão mais tranquila, mantendo o essencial do vinha a ser feito, esperando obter o mesmo resultado final, talvez um pouco mais cedo, devendo o carvalhal estar reconstituído ao fim de um ano ou dois, sobrando-nos mais de cinco anos para o preparar para o fogo seguinte.
Para além disso vamos tirar partido das oportunidades de gestão efectivamente criadas, como sejam a possibilidade de mantermos as estremas das propriedades em melhores condições para servir de ancoragem de para fogos controlados, se virmos necessidade disso, redefinir as acessibilidades para tirar partido dos caminhos tradicionais postos a descoberto e usar as pequenas variações de nicho ecológico para optimizar acções de gestão orientadas para grupos específicos, se virmos que se justifica.
Tal como o dispositivo de combate a um fogo que está para lá da capacidade de extinção sabe que é inútil avançar destemidamente para uma frente de fogo que é demasiado forte para ser combatida, preferindo prever a sua evolução nas horas seguinte, identificar oportunidades de combate, posicionar-se onde espera que seja possível enfrentar o fogo em condições mais favoráveis e aproveitar o tempo antes que o fogo chegue para aumentar as probabilidade de vencer essa frente de fogo, também nós não estamos de braços cruzados só porque não achamos sensato ceder ao impulso de agir imediatamente, mais com boa vontade que com pensamento estratégico, o que normalmente gera muita actividade, mas muito pouca acção, sobretudo acção consequente.
Bem pelo contrário, ainda por estes dias, e por coincidência, a WILDER publicava uma peça com o que andamos a fazer, e continuaremos a fazer.
Sempre com o objectivo de obter melhores resultados de conservação sustentáveis, sempre contando com o fogo que virá e sempre optando pelo caminho da suavidade, o que implica informação, ponderação e tranquilidade.
Continuamos a preferir a persistência e continuidade às grandes acções sem garantia de futuro.
É uma perplexidade compreensível, igual à que assalta quem vê um fogo a crescer ameaçadoramente e não compreende o que faz um dispositivo de combate a quilómetros de distância, em vez de atacar corajosamente a frente de fogo.
Vale por isso a pena explicar de novo o modelo de intervenção da Montis, a que às vezes chamamos "o caminho da suavidade", usando uma tradução portuguesa de Judo, pegando no caso concreto destes carvalhais.
Neste momento a questão central é saber se a intensidade do fogo matou a parte aérea dos carvalhos, levando a que na próxima Primavera rebentem na base, em várias pernadas, ou se apesar do fogo aparentemente ter sido intenso, a sua severidade, isto é, o seu efeito nas plantas, é compatível com a sobrevivência das copas, que rebentarão em cima, na próxima Primavera.
Em qualquer dos dois casos sabemos que muito pouco do que está debaixo do solo foi afectado e é uma base muito sólida para o que se passará nos próximos tempos.
No primeiro caso, o mais desfavorável, as acções de gestão serão orientadas para escolher as melhores pernadas, aproveitar a disponibilidade de nutrientes no solo que as cinzas provocam, e procurar fazer crescer as melhores pernadas em altura, o mais rapidamente possível, talvez com algum controlo da competição com outras plantas, sabendo que temos agora oito a dez anos em que, provavelmente, a área não vai arder, não sendo, por isso, a criação de sombra a maior urgência.
Desta forma esperamos ter, no próximo fogo, um carvalhal em que as copas estão mais longe do solo, formando uma mata que é menos afectada pelo próximo fogo, o que pode ser exemplificado com este carvalhal maduro nas proximidades dos nossos terrenos, em que é visível uma menor afectação das copas dos carvalhos, apesar da intensidade do fogo que também parece ter sido elevada:
No segundo caso, uma situação mais favorável, o recuo no desenvolvimento dos carvalhos é menor, o que nos permite uma gestão mais tranquila, mantendo o essencial do vinha a ser feito, esperando obter o mesmo resultado final, talvez um pouco mais cedo, devendo o carvalhal estar reconstituído ao fim de um ano ou dois, sobrando-nos mais de cinco anos para o preparar para o fogo seguinte.
Para além disso vamos tirar partido das oportunidades de gestão efectivamente criadas, como sejam a possibilidade de mantermos as estremas das propriedades em melhores condições para servir de ancoragem de para fogos controlados, se virmos necessidade disso, redefinir as acessibilidades para tirar partido dos caminhos tradicionais postos a descoberto e usar as pequenas variações de nicho ecológico para optimizar acções de gestão orientadas para grupos específicos, se virmos que se justifica.
Tal como o dispositivo de combate a um fogo que está para lá da capacidade de extinção sabe que é inútil avançar destemidamente para uma frente de fogo que é demasiado forte para ser combatida, preferindo prever a sua evolução nas horas seguinte, identificar oportunidades de combate, posicionar-se onde espera que seja possível enfrentar o fogo em condições mais favoráveis e aproveitar o tempo antes que o fogo chegue para aumentar as probabilidade de vencer essa frente de fogo, também nós não estamos de braços cruzados só porque não achamos sensato ceder ao impulso de agir imediatamente, mais com boa vontade que com pensamento estratégico, o que normalmente gera muita actividade, mas muito pouca acção, sobretudo acção consequente.
Bem pelo contrário, ainda por estes dias, e por coincidência, a WILDER publicava uma peça com o que andamos a fazer, e continuaremos a fazer.
Sempre com o objectivo de obter melhores resultados de conservação sustentáveis, sempre contando com o fogo que virá e sempre optando pelo caminho da suavidade, o que implica informação, ponderação e tranquilidade.
Continuamos a preferir a persistência e continuidade às grandes acções sem garantia de futuro.
Força. Não se esqueçam que o pior momento de um incêndio é logo à seguir à extinção das chamas. É o ponto mais baixo, mais desesperante. À partir daí, é sempre a subir, com muitas e inesperadas surpresas de resurgimento das cinzas das árvores. algo em diz que, em poucas semanas, com a vinda das chuvas, as primeiras folhas novas e verdes hão de surgir dos troncos carbonizados.
ResponderEliminarDeixo convosco um poema que gosto particularmente, de Robert Frost, chamado Something for Hope:
At the present rate it must come to pass
And that right soon, that the meadowsweet
And steeple bush, not good to eat,
Will have crowded out the edible grass.
Then all there is to do is wait
For maple, birch, and spruce to push
Through meadowsweet and steeple bush
And crowd them out at a similar rate.
No plow among these rocks would pay.
So busy yourself with other things
While the trees put on their wooden rings
And with long-sleeved branches hold their sway.
Then cut down the trees when limber grown,
And there’s your pristine earth all freed
From lovely blooming but wasteful weed
And ready again for the grass to own.
A cycle we’ll say of a hundred years.
Thus foresight does it and laissez-faire,
A virtue in which we all may share
Unless a government interferes.
Patience and looking away ahead,
And leaving some things to take their course.
Hope may not nourish a cow or horse,
But spes alii agricolam ‘tis said.