Desta vez, falhámos

A imagem acima é de um dos slides que usávamos nas apresentações sobre a Montis, pouco depois do seu início.
A fotografia, belíssima, é de João Cosme, então Vice-Presidente da Montis e hoje no seu conselho fiscal, mas o que queria destacar é que já há muito, mesmo em 2017, ultrapassámos largamente os objectivos que tínhamos:
gerimos mais de 150 hectares, dos quais 5,5 são nossos, ao contrário dos 30 para que apontávamos;
temos 400 sócios, em vez de 200 (ao contrário da prática habitual em Portugal, sócios são pessoas com a quota paga até ao ano anterior, não há sócios com quotas em dívida);
temos um orçamento corrente muito mais alto que os 15 mil anuais previstos, na verdade neste momento, acabamos por estar a gastar quase num mês o que prevíamos gastar num ano, uma situação que está empolada artificialmente pelos projectos existentes, é certo, mas que em qualquer caso ultrapassará, em condições normais, o que previmos antes;
a campanha de crowdfunding que temos em curso anda pelos 30 mil euros, o seu êxito está longe de estar garantido, mas o conjunto das doações é bastante mais alto que os 5 mil anuais que previmos;
as quotas estão bastante acima dos 4 mil euros anuais, aproximando-se do dobro;
os serviços que prestamos (essencialmente gestão do baldio de Carvalhais e plantação de árvores) estão acima dos 3 mil previstos, mas é uma linha de trabalho bastante frágil, ainda;
estamos muito longe de atingirmos os objectivos de obter mil euros em visitação e produtos, outra linha de trabalho razoavelmente descurada por falta de capacidade nossa, um dos preços a pagar por empenhar os meios humanos que existem na execução de projectos;
criámos 4 empregos directos, em vez de um;
fazemos dois colóquios por ano, como previsto;
o número de estágios académicos previstos é mais difícil de contabilizar, mas neste momento ocorrem mais que os dois previstos, com o apoio do LIFE Volunteers, não é linear que o conseguíssemos apenas com os nossos recursos, a nossa ligação à academia ainda precisa de mais trabalho;
e temos um programa de voluntariado em desenvolvimento, com muito mais expressão do que pensámos, com apoio do programa LIFE, embora tenhamos consciência de ser uma situação temporária que terá algum recuo com o fim do projecto.
Globalmente a Montis tem tido um razoável sucesso tomando como base os objectivos organizacionais a que se propôs (os objectivos substanciais, de conservação da natureza, são mais difíceis de medir), prudentes, é certo, mas que poucos de nós acreditávamos que fosse possível concretizar.
Mas há, houve e haverá muitos dias como este, em que falhámos.
No conjunto de actividades associadas à campanha "Como coisa que nos é cedida", tínhamos hoje prevista uma actividade de desenho de paisagem, com apoio da Associação Portuguesa dos Arquitectos Paisagistas, e a verdade é que não conseguimos fazê-la.
Temos tido actividades com muito pouca gente, às vezes mesmo com uma pessoa ou sem ninguém externo, mas é muito raro não fazermos a actividade, quando mais não seja porque o respeito por essa pessoa concreta que manifesta o interesse no trabalho da Montis tem de ser respeitado pela associação, mas são muito raras as actividades canceladas ou que simplesmente não são feitas.
Infelizmente hoje é um destes casos.
O que posso sugerir é que no dia 12 de Maio, se juntem à Arminda, que desenha primorosamente e vai estar no voluntariado a fazer desenhos que poderão apoiar a campanha "Como coisa que nos é cedida". Ainda podemos ter um conjunto de desenhos que valham a pena e sempre é uma nova oportunidade para ir apanhar ar, já que desta vez, infelizmente, falhámos.
Claro que se continuarmos a querer fazer coisas, e a fazer mais que o que seria previsível com os recursos que temos (e a equipa técnica da Montis tem estado a trabalhar muito acima do que são as suas obrigações contratuais, muito obrigado, o que se reflecte nos quase 50% do montantes da campanha já angariado) vamos continuar a falhar aqui e ali, mas espero que ao menos falhemos cometendo erros diferentes.
henrique pereira dos santos

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