Aprendemos que o polje de Minde corresponde a uma importante depressão cársica plana, associada a um sistema hidrológico subterrâneo de nascentes, grutas e canais. Para ficar a saber mais veja aqui: https://natural.pt/protected-areas/parque-natural-serras-aire-candeeiros/geosites/polje-de-mira-minde?locale=pt.
O polje também é apelidado “Mar de Minde” devido aos episódios de inundação que aqui ocorrem. Em algumas zonas a água já chegou a atingir uma profundidade de catorze metros, resultado quer da impermeabilização do seu fundo por depósitos arenoargilosos, quer do forte contributo de cursos de água temporários e ainda exsurgências resultantes da inundação dos canais subterrâneos.
Seguimos para a Pincha de Minde, localizada no centro da localidade, onde nos foi explicada a formação deste depósito de clastos rolados e achatados. Informação detalhada aqui: https://natural.pt/protected-areas/parque-natural-serras-aire-candeeiros/geosites/pincha-de-minde?locale=pt.
A seguir, demos início ao percurso pedestre, durante o qual pudemos admirar a gruta do Poio, charcos temporários (fotos abaixo) e ainda lagoeiros, poços e cisternas (estes usados no apoio à agricultura).
Os charcos temporários e lagoas que aqui se encontram contêm argilas e outros sedimentos no seu fundo, mantendo água durante o ano.
Também passámos por ponores (exemplo de um ponor na foto abaixo), depressões que comunicam com uma rede de galerias que podem servir de sumidouro ou exsurgência, consoante o nível freático. Como nos episódios de exsurgência podia existir afluxo de peixes ao polje a população criou armadilhas de pesca como o da foto também abaixo.
O polje é também conhecido por “a Mata”, por inicialmente ter sido ocupado por um bosque de carvalhos, centenários, que foram dando lugar à agricultura, assistindo-se agora, com o abandono agrícola, à sua regeneração. A espécie de flora mais predominante é o pilriteiro (Crataegus monogyna), espécie autóctone com função pioneira. O coberto vegetal é também marcado pela presença de pequenas manchas de azinheira (Quercus ilex) e de carvalho-cerquinho (Quercus faginea) e por oliveira que domina a vegetação não espontânea, particularmente na encosta sul do poldje.
Junto a essa encosta pudemos observar um lagoeiro, resultado de inundação anterior (ver foto seguinte) e ainda um outro depósito de clastos, esses angulosos, no sopé da encosta.
Pudemos também verificar a existência de ervas aromáticas como o funcho (Foeniculum vulgare) e de plantas raras como várias espécies de orquídeas. Observámos a canafrecha (Ferula communis) que é visualmente semelhante ao funcho mas tóxica e a cauda-de-burro (Verbascum sp.) que possui folhas largas para dominar a área de presença e assim diminuir a competitividade com outras plantas (ver foto seguinte).
Os anfíbios encontram nesta zona húmida um habitat relíquia, devido aos seus charcos temporários, havendo registo de várias espécies; tivemos a sorte de encontrar um sapinho-de-verrugas-verdes (Pelodytes sp., ver foto abaixo). Vimos também muitas pegadas e fuçadas de javalis e também algumas pegadas de coelho, representando alguns exemplos da fauna que aqui pode ser avistada.
Ao longo passeio houve tempo para discutir diferentes hipóteses de gestão e aquisição de terrenos por parte da MONTIS e divulgar o trabalho que a associação tem vindo a fazer, muito dele em prol dos seus sócios.
Deixamos mais uma vez o nosso agradecimento a todos os participantes e um obrigada especial ao Luís António Ferreira que guiou este passeio. Até ao próximo!
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