Carvalhais, Vermilhas e os preparativos para a Oficina de Engenharia Natural

Na passada segunda-feira o ponto de encontro foi no Bioparque do Pisão, às 8:30 da manhã. Deslocamo-nos ao Baldio de Carvalhais com o José Miguel Delgado e o José López com um duplo propósito:
_lançar a primeira pedra de uma campanha de observação para o baldio de Carvalhais;
_recolher mais informação acerca do local da Oficina de Engenharia Natural de 21 e 22 de Abril.

A campanha de observação do baldio foi-nos trazida pelo José Miguel Delgado. E o modelo previsto encaixa que nem uma luva na gestão Montis: uma observação com os olhos postos no horizonte, a médio/ longo prazo, utilizando poucos recursos de uma forma consistente. A campanha fará parte do conjunto de acções desenvolvidas pelo projecto LIFE ELCN (LIFE16 PRE/DE/00005), nomeadamente no eixo de voluntariado interno realizado pelos sócios da Montis. Concretamente começou-se na segunda-feira com a instalação de um pluviómetro, que permitirá obter regularmente dados meteorológicos da propriedade. Aos poucos espera-se ir amadurecendo este trabalho com outro tipo de amostras e recolhas, e no futuro a campanha evoluirá por si e trará novidades acerca do solo e da hidrologia do baldio.

A Oficina de Engenharia Natural de Abril vai ser particularmente interessante este ano: é o início de um conjunto de intervenções que a Montis prevê realizar no coração da propriedade, nas áreas de fogo controlado. Estamos pela primeira vez a entrar em áreas do baldio de Carvalhais que até ao fogo controlado de Fevereiro passado eram inacessíveis. E até agora as novidades não são nada más: há muito potencial para criar solo e potenciar boas condições para a instalação de vegetação.


(Local da próxima Oficina de Engenharia Natural)

Nada melhor para aprender do que fazer. Durante a próxima oficina, após a sessão teórica, estaremos com todos os participantes durante uma tarde e uma manhã neste local, a aprender como utilizar o que a natureza nos dá a favor dos processos naturais. Criação de paliçadas a partir do corte de giestas queimadas e colocação de gabiões farão parte da ementa, para que os sedimentos arrastados pela água que corre pela propriedade possam aos poucos ir acumulando nestes locais. Simultaneamente estaremos a promover a infiltração da água no baldio. Aos poucos esperamos ver estes pontos acumular matéria orgânica, dando origem a solos mais ricos, onde será mais fácil a instalação dos nossos carvalhos. Haverá também oportunidade para fazer estacarias de salgueiro, contribuindo-se para a recuperação do salgueiral ao longo das linhas de água e escorrência.
Mas acima de tudo queremos que a oficina sirva para que os participantes levem consigo aprendizagens úteis, aprendizagens que possam replicar nos seus projectos pessoais e profissionais. E esperamos que um dia voltem a uma das actividades da Montis, para contar as histórias e os desenvolvimentos desses projectos. Para partilharem as suas aprendizagens pessoais. E é essa a motivação da Montis para a realização da oficina: envolver os participantes, aprender fazendo em conjunto, e esperar que um dia possamos de novo encontrar-nos por cá, para novas partilhas.
Venham depois os gaios ou os voluntários semear as bolotas. A pouco e pouco o solo do Baldio de Carvalhais está a evoluir, a há vida a acompanhar a evolução.



(Anfíbios numa das linhas de escorrência dentro da área de fogo controlado de Janeiro de 2017. Fotografias tiradas em Fevereiro de 2018) 


Incrições na Oficina de Engenharia Natural aqui.

Houve ainda tempo para ir a Vermilhas da parte da tarde. Foi possível perceber o estado de desenvolvimento da propriedade e acompanhar a evolução da resposta da vegetação ao fogo de Outubro de 2017. Até à data a regeneração dos carvalhos não é muito abundante, sendo que a que ocorre é sobretudo ao nível do solo. 



É ainda cedo para tirar conclusões e vamos continuar a aguardar, sabendo que os carvalhos precisam de tempo para nos dizer algo mais concreto.

Jóni Vieira




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