Decidi contribuir para esta campanha e dirijo este post aos associados da Montis e a
outros, que, porventura, estarão hesitantes em a apoiar, tal como eu estava.
Não está em causa o valor mas sim o contributo.
Como declaração
de interesses, tenho a dizer que sou sócio da Montis mais pelo apoio ao seu do
modelo de gestão, enquanto ONG, que se diferencia das demais em Portugal, do
que propriamente pela minha convicção e/ou participação relativa a muitas das
acções e projetos que desenvolve, até porque, confesso, não disponho do
tempo de que a participação nestas coisas exige. Mas, já vai para 35 anos que
faço conservação da natureza (penso eu!), em termos profissionais e cívicos, o
que, pelo conhecimento e experiência, já me posso de dar ao luxo de questionar
algumas coisas!
Esta campanha
entrou na sua recta final e, está hoje com 71 % do seu
objectivo concretizado, tendo 181 apoiantes. A Montis tem 400 sócios
(pagantes) e, porventura, como eu, alguns revêem-se mais no modelo
diferenciador de gestão da ONG e, por isso, são sócios, do que propriamente nos
projectos que desenvolve e, por isso, não os apoiam. Depois há sempre os outros
que não são uma coisa nem outra.
Pretendo
prestar mais alguma informação à campanha, fruto da minha reflexão e
conhecimento, e com isso estimular alguns dos indecisos a contribuir para a
mesma.
Pessoalmente,
revejo-me mais numa Montis a fazer conservação da natureza em terrenos próprios
do que protocolados, sem demérito para todo o trabalho desenvolvido nestes
últimos, porque um contrato é feito por um tempo determinado e, por isso, em
teoria, não dão as mesmas garantias para as acções de conservação de natureza
desenvolvidas com objectivos a longo prazo;
Por outro lado,
muito embora não seja o lucro o que mova a Montis, pelo custo do metro
quadrado, a aquisição destes terrenos são um bom negócio para quem não pretenda
um retorno a curto prazo: serra do Açor - 0,1€/m2; Vermilhas - 0,3€/m2;
Ver aumentada a
propriedade da Montis no concelho onde está sediada, e progredir para outras
áreas do país, é, do ponto de vista estratégico, reforçar a consolidação do
trabalho desenvolvido à escala regional e iniciar o processo de crescimento da
Montis para uma dimensão nacional. Dar escala nacional à forma de gestão da
Montis, com acima disse, é permitir que se possam trilhar novos caminhos com um
efeito demonstrativo para outras Associações de Defesa do Ambiente em Portugal,
porque é preciso encontrar saídas para o marasmo em que as mesmas se
encontram.
Podia aqui
enumerar muitas outras vantagens e desvantagens que abonassem a favor ou contra
esta iniciativa, discutíveis é certo e que provavelmente muitos outros sócios
com melhor conhecimento de causa do que eu já o fizeram, mas não o farei até
porque o peso que estas questões tiveram na minha decisão de contribuir são
acessórias, para não dizer irrelevantes.
Conheço algum
do património natural da área dos terrenos em questão, na serra do Açor, por
trabalho que ali desenvolvi naquela região e posso assegurar-vos que o valor
natural intrínseco é relevante, assim como toda a envolvente. Relevantes em
termos geológicos e geomorfológicos (cristas quartzíticas), da flora e da fauna
e dos habitats, a que acresce uma localização com um enquadramento paisagístico
majestoso. Não vos falo de grandes índices de biodiversidade porque não os tem,
mas sim de umas quantas espécies interessantes e outras raras e com estatuto de
ameaça desfavorável, que fazem as delícias de quem preza pela conservação da
natureza no seu estado puro.
Em Vermilhas, o
meu conhecimento é muito mais limitado, mas não tenho dúvidas de que a
regeneração do carvalhal e outras espécies autóctones nas áreas ardidas não
tardarão a ter expressão no coberto vegetal, porque as raízes no subsolo não
foram significativamente afectadas pelo fogo.
Assim, para
mim, a aquisição destes terrenos valem o seu preço e o risco desta aposta por
parte da direcção da Montis. As acções de gestão preconizadas potenciam-na
ainda mais o seu valor do ponto de vista da conservação da natureza.
Sendo a Montis
uma Associação de Conservação da Natureza, vai seguramente reforçar a sua importância
e o seu prestígio nas acções que desenvolve em prol da conservação da natureza
em Portugal.
Luís Ferreira
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