Uma noite estrelada com pequenos voadores


Vieiro é uma propriedade na encosta da Serra da Arada, atravessada por pequenas linhas de água com galerias ripícolas maduras, com vertentes xistosas e declivosas, entre áreas de plantações de eucaliptos. Pelas características particulares da propriedade e por ser uma das propriedades com menor registo de biodiversidade foi a escolhida para o primeiro bioblitz da Montis.
Começou pelos morcegos no fim da tarde de dia 10 de Maio, com o apoio do Paulo Barros e da sua equipa, Luís, Sandra e Virgínia, do Laboratório de Ecologia aplicada da UTAD.



Tendo em conta as características da propriedade colocaram-se 2 detectores fixos em dois locais distintos.
O primeiro junto a uma aberta numa das ribeiras que atravessam a propriedade e o segundo no topo das escarpas, um potencial local de passagem de Morcegos usado possivelmente para deslocações associadas à alimentação.
Os dados posteriormente processados pela equipa do Paulo registam Morcego-anão (Pipistrellus pipistrellus), junto à ribeira e na escarpa, e um conjunto de espécies na zona da escarpa.
Destaca-se o Morcego-de-ferradura-pequeno (Rhinolophus hipposideros), que tem o estatuto de ameaça de vulnerável para além de Morcego-de-kuhl (Pipistrellus kuhlii), Morcego-negro (Barbastella barbastellus), Morcego-de-savi (Hypsugo savii), Morcego-arborícola-pequeno (Nyctalus leisleri), Morcego-de-franja do Sul (Myotis escalerai) e indivíduos do género Eptesicus sp..


Para além dos detetores fixos foram ainda colocadas redes de captura na aldeia de Deilão (junto à zona inferior da propriedade) sob o olhar e com o contributo de quem lá vive.
Foi ainda com sol que demos de caras com o primeiro morcego, um Morcego-de-ferradura-pequeno (Rhinolophus hipposideros) uma espécie com estatuto de ameaça vulnerável que foi também durante a noite apanhada nas redes e detectada na escarpa.
Para além desta espécie apanharam-se e identificaram-se nas redes Morcego-de-água (Myotis daubentonii), Morcego-anão (Pipistrellus pipistrellus) e Morcego-de-savi (Hypsugo savii).



Entre pesagens e medições fomos identificando os indivíduos capturados nas redes, com apoio da equipa do LEA, através de características com o formato da “boca e orelhas”, a coloração e a dimensão das patas e discutindo a relação entre a paisagem e o tipo de espécies que se podem encontrar.


Enquanto se verificavam as redes, percorremos a estrada entre a propriedade e a aldeia com detetores móveis gravando sons de morcegos e tentando captar momentos em que estes se alimentavam ou comunicavam entre si.
Através destas gravações registaram-se ainda 4 espécies diferentes das registadas por outros métodos: Morcego-pigmeu (Pipistrellus pygmaeus), Morcego de ferradura-grande (Rhinolophus ferrumequinum) com estatuto de ameaça de vulnerável, Morcego-rabudo (Tadarida teniotis) e indíviduos do género Plecotus sp..

Componente de morcegos do Bioblitz (no âmbito do projeto LIFE ELCN LIFE16 PRE/DE7005) com os voluntários do projecto LIFE VOLUNTEER ESCAPES (LIFE17 ESC/PT7003)

Todas as espécies observadas estão registadas no projecto da Montis do iNaturalist.

Rita

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