Colóquio “De hectare em hectare uma paisagem mais resiliente”


No dia 27 de novembro, decorreu o colóquio da MONTIS "De hectare em hectare uma paisagem mais resiliente", no Auditório Municipal de Pampilhosa da Serra.

A manhã deste dia arrancou com as palavras de boas vindas do Presidente da Câmara Municipal de Pampilhosa da Serra, Jorge Alves Custódio, município que tão bem nos tem acolhido e apoiado e de seguida a presidente da MONTIS, Teresa Mª Gamito, deu início aos trabalhos.


A sessão “Restauro de terrenos marginais” começou com a apresentação do José Gaspar, em representação da FlorestGal. O José começou por apresentar alguns projetos de restauro da empresa. O primeiro projeto apresentado visava a reflorestação e combate à desertificação de Moreirola, no âmbito do "React More". Neste projeto a atuação incluiu a remoção de eucaliptos, deixando os resíduos florestais no local para enriquecimento do solo, o aproveitamento de regeneração natural, e ainda a plantação de espécies autóctones como o sobreiro e a azinheira. Mencionou que deixaram também algumas parcelas sem intervenção para comparação dos resultados. Outro projeto, em Castelo Branco,  "Flo(resta)", incluiu a reconversão dos terrenos, utilizando lamas de tratamento de águas residuais em solos pobres. E por fim o projeto da Quinta das Charcas, em Mogadouro, que visa a melhoria da resiliência e do valor ambiental das florestas, através de apoio à regeneração natural de sobreiro e carvalho-negral, por exemplo. Podem ver a apresentação aqui.


Seguiu-se a apresentação da Selma Pena e da Inês Adagói, em representação do Projeto Scapefire do Instituto Superior de Agronomia. A Selma começou por falar dos objetivos do projeto e a forma como o modelo conceptual foi construído, tendo em conta a estrutura da paisagem. Apresentou alguns casos de estudo a várias escalas (regional, municipal e local) e falou em particular da proposta de transformação da paisagem de Pampilhosa da Serra, referindo as diferentes fases e momentos que o projeto envolveu. A Inês focou-se se na apresentação das propostas de transformação da paisagem, tendo por base os usos potenciais por componentes da paisagem (identificadas pelo modelo FIRELAN), e ainda nos resultados da articulação com a comunidade local. Podem ver a apresentação aqui.


Para encerrar esta sessão, tivemos a apresentação da técnica da MONTIS, Inês Leão, com a apresentação do projeto “Do Eucaliptal até à Mata”. A Inês referiu a compra dos terrenos em Pampilhosa da Serra e o que envolvia a proposta de modelo de gestão inicial. De seguida, explicou as diferentes fases do processo de reconversão dos eucaliptais, incluindo o lançamento de uma operação de crowdfunding, a procura de quem cortasse os eucaliptos, e depois as várias atividades subsequentes como a criação de paliçadas, as plantações e a necessidade de manutenção do corte partindo as varas. Terminou referindo o que a associação quer fazer no futuro, de forma a concretizar os objetivos para estes terrenos, nomeadamente torná-los em matas biodiversas, mais resilientes ao fogo e às alterações climáticas. Pode ver a apresentação aqui.


Seguiu-se uma breve pausa para café e depois deu-se início à Mesa Redonda: o Modelo de Gestão dos terrenos da EDP em Santa Luzia, que se iniciou com as apresentações de alguns intervenientes. 

Primeiro, André Soeiro apresentou o projeto “Nature for Tomorrow”, que enquadra o Modelo de Gestão Florestal de Santa Luzia, considerando que a biodiversidade desempenha um papel fundamental na transição energética para uma economia sem carbono. Este projeto que incide na captura e armazenamento de carbono, na gestão da água, na conservação do solo e nos serviços recreativos, vis a criação de valor partilhado, assente nos pilares negócios, parceiros e competências. Podem ver a apresentação aqui.


Seguiu-se Luís Lopes, Vice-Presidente da MONTIS, que apresentou o “Modelo de Gestão Florestal de Santa Luzia Da conceção até ao dia de hoje”. O Luís descreveu o projeto elaborado pela MONTIS para as duas propriedades da EDP localizadas nas margens da albufeira de Santa Luzia, na envolvente da barragem. Referiu as diferentes fases do processo (conceção do modelo de gestão, definição de propostas de intervenção e calendarização de atividades), as diferentes condicionantes que foram tidas em consideração (FGC, áreas com risco de erosão, etc.), os objetivos principais para estes terrenos, como o controlo e monitorização de espécies invasoras e o restauro da galeria ripícola, por exemplo, e o tipo de atividades a desenvolver (plantações, podas, etc). Finalizou com a apresentação dos resultados obtidos até à data. Pode ver a apresentação aqui


Noel Marcos da EDP P moderou a mesa redonda, colocando questões muito específicas aos oradores, tendo em conta os objetivos e motivações da empresa para os projetos que tem em curso em Pampilhosa da Serra.

A primeira questão foi dirigida ao Jacinto Diamantino, em representação do ICNF - DRCNF Centro e tinha a ver com a perspetiva do ICNF para uma área como esta que não está classificada do ponto de vista da conservação mas também tem valores naturais. O Jacinto realçou a importância de se fazer conservação da natureza fora das áreas protegidas, estabelecendo áreas de continuidade, e a importância de fazer o controlo de espécies invasoras para proteger os ecossistemas da degradação. Para finalizar a sua intervenção, realçou a importância da atividade turística, que pode ser feita por entidades ou mais a nível individual (desde que haja alguém com vontade e competências), como guias de natureza, alojamentos, restaurantes, etc., mas reconheceu que existem contextos em que isto é feito de uma forma menos correta, particularmente pela pressão turística desadequada. 

Vítor Duarte, em representação da CCDR Centro destacou que os objetivos da REN (reserva ecológica nacional) e a da MONTIS são muito semelhantes, o que constatou ao ver o documento do modelo de gestão dos terrenos da albufeira de Santa Luzia. Falou dos desafios nestas áreas, como as cheias, a destabilização do solo devido à tipologia do terreno, e das condições para intervenção em áreas da REN, salientando que dá para fazer ações de conservação da natureza nestas áreas (podas, etc), desde que cumpram os requisitos necessários.  Mencionou as diferentes tipologias da REN em Pampilhosa da Serra, nomeadamente áreas de risco de erosão, que representam a maior parte, mas também áreas de instabilidade de vertente.

Anabela Martins, que além das suas funções no Gabinete Técnico Florestal de Pampilhosa da Serra, é também Presidente de Junta da Freguesia de Cabril, começou por dar os parabéns à MONTIS pelo trabalho desenvolvido, nomeadamente nos eucaliptais em Cabril, tendo ela vindo a testemunhar a reconversão dos eucaliptais e o esforço que estes terrenos exigem. Sobre as intervenções nas propriedades da EDPP no lado de Casal da Lapa, mencionou a necessidade de compatibilização da conservação e da produção de riqueza nas Faixas de Gestão de Combustível (FGC), e que vê o projeto da MONTIS como uma oportunidade para mostrar isso mesmo. Para finalizar a sua intervenção, lançou o convite a todos os participantes a visitarem a aldeia de Cabril e divulgou os diversos espaços, como o Atelier da Filhó, e destacou ainda a recente introdução de um rebanho de cabras na freguesia, como forma de apoiar a limpeza da envolvente, criando também um posto de trabalho. 

Durante a mesa redonda, Luís Lopes, falou da importância de avaliar os processos naturais para estes modelos de gestão, e do gosto que é planear e mostrar os resultados destes modelos. Disse que aquilo que dá mais gozo à equipa da MONTIS é a interação com a comunidade, que faz todo o esforço físico valer a pena.


Agradecemos a todos os participantes por terem estado presentes, e à EDP Produção e ao Município de Pampilhosa da Serra por colaborarem na organização deste colóquio. Esperamos que continuem a acompanhar e a colaborar com a MONTIS. 

Poderá ver aqui o relato da visita técnica que se seguiu ao colóquio.

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