No dia 27 de novembro, decorreu o colóquio da MONTIS "De hectare em hectare uma paisagem mais resiliente", em Pampilhosa da Serra.
A sessão da manhã, permitiu à MONTIS partilhar a sua experiência na execução do Modelo de Gestão Florestal de Santa Luzia, abordando os vários objetivos e condicionantes, e dando a conhecer os resultados da gestão realizada nestes terrenos da EDP Produção, nas margens da albufeira de Santa Luzia.
Terminada a sessão da manhã, realizámos um almoço volante no Bar da Cal, em Casal da Lapa. O almoço serviu também como momento de convívio e discussão sobre as intervenções apresentadas na sessão da manhã, funcionando como preparativo para a visita de campo que se seguiu.
Após o almoço, fizemos uma caminhada fácil pela parcela da margem esquerda da albufeira de Santa Luzia, passando por várias áreas intervencionadas e mostrando e explicando aos participantes essas mesmas intervenções.
Começámos a caminhar junto à margem da albufeira, mostrando as plantações realizadas para recuperação da galeria ripícola, com amieiros, freixos e pilriteiros. Foi um momento que lançou a discussão sobre quais as metodologias mais eficazes, tendo sido abordado o risco de introduzir doenças ao plantar espécies que não são provenientes do local, como é o caso dos amieiros que estão bastante afetados pelo fitóftora (Phytophthora). Em comparação, a propagação dos vários salgueiros já existentes por estacaria teria sido uma metodologia mais eficaz e menos dispendiosa para recuperar a galeria ripícola, mas sem aumentar a diversidade vegetal.
Prosseguimos a caminhada até à próxima área de intervenção, que corresponde aos principais núcleos de mimosa existentes na margem da albufeira. Foi possível mostrar que a quase totalidade dos núcleos estava intervencionada com o descasque, sendo já possível notar algumas árvores de maior porte a secar, levantando a questão do controlo de seguimento da nova rebentação que irá surgir e a necessidade de uma gestão continuada no controlo de plantas invasoras.
De seguida, foi possível mostrar aos participantes o canteiro de plantas aromáticas plantado em março deste ano, com a ajuda da EDPP e da comunidade. Foram explicadas as plantas usadas, como os oregãos e o tomilho-serpão (típico da região e fornecido pela comunidade local). Esta intervenção levantou o interesse do Fernando, proprietário da empresa Epicland, com a qual a MONTIS tem colaborado na realização de várias atividades nestes terrenos. Sendo a Epicland um promotor turístico local, teriam interesse em manter/regar este canteiro durante as suas atividades turísticas, tirando também proveito destas ervas aromáticas. O envolvimento da comunidade e parceiros locais é um dos principais objetivos deste projeto.
Continuámos a caminhar e a discutir várias intervenções, chegando a mais um núcleo de mimosas que a MONTIS conseguiu controlar com o apoio do Campo de Trabalho Internacional realizado em 2024. Este núcleo, por estar numa faixa de gestão de combustíveis (FGC), é regularmente cortado, e apresentava muita rebentação de toiça e raíz dificíl de controlar. Assim a MONTIS optou por controlá-lo através do arranque, usando picaretas para tentar remover o máximo possível de raízes.
Neste momento, o núcleo está quase totalmente controlado, restando apenas alguns indivíduos isolados, cujas toiças eram demasiado dificeis de arrancar. Quando possível foram descascadas estas toiças. A área deste acacial foi também plantada com espécies nativas, como medronheiro e castanheiro respeitando os distanciamentos da FGC. Esta área intervencionada permitiu aos participantes perceber a dificuldade na reconversão de áreas invadidas por acacial em mata nativa, especialmente com a condicionante das FGC.
Terminámos a visita, mostrando a área de eucaliptal que se pretende reconverter em mata nativa. Foram explicadas as espécies usadas, sendo muitas delas arbustos com fruto/baga para alimento da fauna, mas também algumas árvores de maior porte como carvalhos e castanheiros, que irão beneficiar do ensombramento do eucaliptal na fase inicial.
Esta explicação criou um momento de partilha de experiências entre os participantes, abordando os cuidados que se devem ter na remoção dos eucaliptos para não danificar as plantações no subcoberto, e a importância de apoiar a regeneração natural das espécies nativas nestas áreas, de forma a acelerar a criação de floresta nativa no subcoberto, que permita manter a cobertura de solo que irá dificultar a regeneração dos eucaliptos após o corte.
Ainda relacionado com a reconversão do eucaliptal, foi possível mostrar aos participantes as plantações de carvalhiça que a MONTIS realizou debaixo da linha elétrica que atravessa esta área. Como nas outras FGC associadas às linhas elétricas, a vegetação é regularmente cortada, por isso a MONTIS decidiu plantar carvalhiças, que por terem um porte subarbustivo, serão compatíveis com a FGC e não precisarão de ser cortadas. Estas carvalhiças foram plantadas de forma a definir um trilho na FGC, dado que de acordo com as restrições da Reserva Ecológica Nacional não foi possível abrir um novo trilho a descer a encosta.
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