Precisamos de ajuda

Este vídeo a que diz respeito a imagem acima, são 30 segundos que explicam que, pela segunda vez, tenhamos dado com as árvores que plantámos arrancadas. (VER O VIDEO AQUI)
Em primeiro lugar devemos uma explicação aos nossos voluntários: o trabalho não terá sido em vão, algumas árvores escaparão a estes vândalos, mas é verdade que muitas se perderão. Agora vamos trabalhar para lidar com esta situação.
Em segundo lugar queremos assegurar que iremos manter os compromissos de compensação de carbono que assumimos e, como está combinado, cada árvore arrancada será resposta pela Montis.
Mas precisamos de ajuda para aprender mais sobre esta situação.
Falámos com pessoas experientes, que sabem mais do comportamento destes bichos de nós e o que nos dizem é que sons pouco habituais, ou cheiros diferentes são bons métodos para manter os bichos à distância nos primeiros tempos da plantação, quando o risco de estrago é maior.
Mas é preciso que os sons (sejam de um rádio de pilhas, sejam de espantalhos sonoros, seja o engenhoso sistema de ter um balde que se vai enchendo de água até se desequilibrar, fazendo qualquer coisa bater numa lata, retornando à posição inicial), ou os cheiros (de naftalina, de laca de cabelo barata, de perfume ordinário, de urina humana) mudem frequentemente, porque com o hábito perdem a sua eficácia para manter os javalis à distância até as plantações não correrem grande risco.
Do que precisamos é de ajuda para ter mais hipóteses de trabalho, de pessoas que tenham lidado com este tipo de situações, de pessoas que estudem o comportamento do javali, de caçadores que os conheçam bem, de agricultores que saibam defender as suas hortas, para logo que possível adoptarmos maneiras de lidar com esta vontade de arrancar árvores.
Quem saiba ou tenha ideias sobre como lidar com a situação, que nos mande um mail, montisacn@gmail.com
O que é seguro é que nao serão contratempos destes que nos levarão a não fazer nada: vamos continuar a fazer o que temos vindo a fazer, vamos criar bosques comestíveis e diversos, pode é demorar mais tempo a chegar lá.
henrique pereira dos santos

Comentários

  1. Caro Henrique Pereira dos Santos,

    O impacto dos javalis em plantações e explorações agrícolas, bem como de outras espécies de ungulados bravios (veado, corço, gamo e muflão, onde estes ocorram) é um verdadeiro problema e obriga a medidas de gestão apropriadas e continuadas. É um problema em Portugal e um pouco por toda a Europa.
    A não gestão das populações de javalis não é uma opção já que, por muitos lobos que existam ou venham a existir, não se consegue atingir uma autorregulação nos ecosssistemas.
    Como soluções proporia:

    1) Iniciar a gestão das populações para evitar que atinjam situações de sobrepopulação (estragos elevados, problemas sanitários, destruição de habitats, flora e fauna) o que obriga ao seu abate mediante caça e/ou ações de controle populacional (correções de densidade). O não agir sobre os javalis só agravará o problema. Veja-se o caso da serra da Arrábida onde se proibiu a caça e, na atualidade está a ser devastada por javalis, com danos porventura irreparáveis na flora autóctone.
    Acredito que o assunto «ter que abater javalis» possa ser polémico para algumas organizações e sensibilidades, mas não pode ser escamoteado. Deixo para reflexão aquilo que está a ser feito pela RSPB no Reino Unido. Durante anos a RSPB «escondeu» o que fazia para preservar espécies e recuperar habitats (controle de predadores e redução de densidades de veados) Eu próprio assisti ao imenso trabalho efetuado em reservas como Abernethy, onde se abatiam muitas centenas de veados para permitir a regeneração da floresta nativa de pinheiro silvestre (Caledonian forest) ou o abate de muitos mustelídeos e raposas para permitir a recuperação do grouse preto e do urugalo. Tais práticas fundamentais para a conservação eram no entanto levadas a cabo em absoluto segredo, para não chocar os membros da RSPB. A polémica está a decorrer neste momento, surgindo no seguimento dos reports da RSPB (http://jasonendfield.weebly.com/home/8000-animals-killed-by-rspb-its-a-conservationists-dilemma-they-say?fbclid=IwAR2xueZ51gWMcSPIODiWPfywzwzwa3E0c5qNpEiRuQPiDjtG3po8qXj_DwA);

    2) medidas de proteção de plantações e culturas, sendo que aquelas que refere são efetivamente pouco efetivas a médio e longo prazo, como se exige no caso da proteção de plantações jovens. Poderão resultar alguns dias, enquanto é novidade, mas logo os javalis se habituam e numa só noite destroem o esforço de semanas de trabalho. As únicas medidas mais efetivas, mas que obrigam a elevados custos de instalação e manutenção, são as vedações com cercas e as vedações eléctricas (que devem ser específicas para javalis), as quais são muitas vezes difíceis de adoptar, especialmente em plantações como as vossas (segundo me parece) em que não existem propriamente talhões bem delimitados com compasso de plantação rígido e aceiros perimetrais, já que imagino que optem por formas mais orgânicas de plantação e gestão em sistema jardinado.

    3) monitorizar as populações de javalis para ter noção dos momentos em que é necessário agir com maior ou menor intensidade;


    4) Replantar/retanchar fazendo subsequentemente ações de correção de densidades (esperas nocturnas) para que os javalis evitem as áreas intervencionadas pelo menos durante o período crítico. Equacionar a sementeira nas espécies em que tal é viável na medida em que a turfa que as plantas envasadas têm, são muitas vezes um atractivo para os javalis e são mais facilmente destruídas por desenraizamento.


    Os javalis que se abatam poderão depois ter o aproveitamento da carne para consumo humano, desde que seguidas as regras de boas práticas (examinação prévia e/ou inspecção veterinária), sendo porventura doada a instituições de carácter local; e os subprodutos dispostos em alimentador de abutres com as condições adequadas para o efeito (isolamento a carnívoros, etc.), nas condições definidas pela DGAV e ICNF.

    Espero que o contributo possa ter sido útil.
    Um abraço,
    João Carvalho

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  2. Muito obrigado, João Carvalho.
    As sugestões são úteis, já fizemos um primeiro contacto com a entidade gestora da zona de caça associativa para ver se articulamos opções de gestão.
    De facto as nossas opções de plantação tornam tudo mais difícil de defender, sobretudo com os meios financeiramente pesados que refere, mas mais fáceis no sentido em que são áreas muito pequenas e também porque podemos passar frequentemente pelas zonas de plantação a mudar os meios que usarmos (cheiros ou sons).
    Felizmente não estamos na situação da RSPB, que tem milhares de membros que têm sobretudo uma concepção urbana de conservação, e a Montis não tem posições de princípio sobre actividades que tradicionalmente levantam problemas nas associações de conservação (como a caça, ou o pastoreio, ou o uso do fogo) e estamos habituados a trazer esses assuntos para a discussão aberta quando se justifica, com isso perdemos alguns sócios, é verdade, mas acabamos por ter um conjunto de sócios que, concordando mais ou menos com acções concretas de gestão, de maneira geral admitem a adopção de medidas de gestão sobre as quais têm dúvidas, ou mesmo objecções, e esperam pelos resultados para tirar conclusões.
    Obrigado, mais uma vez

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