Este Sábado (dia 28 de setembro), em resposta ao desafio lançado na conferência dos 10 anos da MONTIS pela Câmara Municipal de Torres Vedras para continuarmos a "Colaborar para conservar", fomos caminhar junto do rio Sizandro, às portas de Torres Vedras.
O ponto de início não poderia ser mais apropriado ao tema de gerir terrenos de proprietários particulares, em prol da conservação da natureza, como é o caso atual do complexo das Termas dos Cucos.
Assim, além desse enquadramento geral, através do nosso guia Renato Ferreira, do Gabinete Técnico Florestal da CM de Torres Vedras, olhámos também sobre as espécies nativas e exóticas utilizadas frequentemente neste tipo de espaços ajardinados.
E partida! Iniciámos a nossa caminhada sem imaginar a quantidade de temas que íamos ter oportunidade de discutir. Desde as espécies invasoras, a diversidade de espécies nativas que ocorrem nesta área, as ameaças sobre estas, os múltiplos usos do solo (em constante transição) assim como a necessidade de fazer opções em termos de gestão do território.
As margens do rio Sizandro como pano de fundo serviram para abordar o desafio de gerir as margens das linhas de água invadidas. Relativamente às canas (Arundo donax), o corte à superfície é feito frequentemente mas é apenas um solução de curto prazo, porém para retirar o rizoma (forma de controlo) há o impacto negativo de mobilização do solo e consequente erosão das margens. Além disso, há a presença do invasor Lagostim-vermelho-do-Louisiana (Procambarus clarkii), que neste caso vai servindo de alimento à população de lontras (Lutra lutra) que existe no rio.
O canavial nas margens do rio Sizandro e um carvalho-cerquinho. |
Quanto às espécies de flora nativas, nesta paragem destacou-se o carvalho-cerquinho (Quercus faginea), espécie que a Câmara Municipal procura disseminar, a praga (grafiose) que o ulmeiro enfrenta e que causa a sua morte, assim como o papel dos matagais na região (carrascos, zambujeiros, aroeiras, sanguinho-das-sebes, entre outros).
Paragem no Vale Escuro. |
Um dos temas que frequentemente abordamos nos passeios da MONTIS é a necessidade de uma paisagem heterogénea. Assim, um dos pontos de paragem acabou por ser uma área de vinha (que tem vindo a substituir as áreas de pêra-rocha, cultura tradicional na região), em dia de vindima e em simultâneo com um rebanho de ovelhas, fazendo o seu "controlo de combustíveis finos".
Já no regresso, e enquanto recuperávamos o fôlego para continuar a subida até aos moinhos de vento, parámos numa área dominada por herbáceas. Esta área tem sido tratada com fogo controlado, procurando conciliar objetivos de Defesa da Floresta Contra Incêndios com elementos de ecologia, mantendo estas áreas abertas que proporcionam áreas de alimentação de animais domésticos (esta área é utilizada por alguns rebanhos da zona) como de animais silvestres.
Vários quilómetros, muitas conversas e muitos tópicos diferentes. Agradecemos ao Renato e à CM de Torres Vedras pelo apoio (ótimos pasteis de feijão) e que seja uma parceria para continuar a desenvolver. E agradecemos a todos os participantes e que enriqueceram esta manhã.
O próximo passeio será nas Serras do Porto, no dia 24 de outubro. Poderão contactar-nos se quiserem receber informações assim que haja mais detalhes.
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