Bolotas verdes e pequenas

Neste passado fim-de-semana de 5 a 7 de Outubro, aproveitando o feriado, visitámos o baldio de Carvalhais, num voluntariado académico no âmbito do projeto LiFE ELCN (LIFE16 PRE/DE/000005) com a VO.U pela Natureza (VpN) em que contamos com a ajuda de 3 voluntários.

Depois de uma recepção com um donativo de doçaria pela parte da Flor do Zela começámos com uma apanha de bolotas pelos arredores da propriedade e no BioParque de Carvalhais (local de alojamento), onde observamos alguma abundância em rãs verdes nos lagos artificiais criados no parque, reforçando a importância da construção de galerias ripícolas para atracção de biodiversidade nos terrenos geridos pela Montis.

Apesar de uma manhã de recolha de bolotas, constatámos uma importante e preocupante realidade:

As bolotas são poucas, mais verdes e raquíticas. 


Tabuleiro para gaios com bolotas colectadas no dia, 
verifica-se a abundância de bolotas verdes não maduras e de bolotas mais pequenas.

Aparentemente, com um verão mais húmido e não tão quente como é habitual os Carvalhos não amadureceram as suas sementes e a sua produção reduziu-se comparando com outros anos. 
Conseguimos, com dificuldade, recolher suficientes bolotas para distribuir pelos 3 tabuleiros para Gaios existentes no baldio de Carvalhais, 

Os tabuleiros para Gaios encontram-se estrategicamente distribuídos pela propriedade com o objectivo de englobar uma maior diversidade de habitat possível. Estando o 1º tabuleiro localizado num eucaliptal, o 2º tabuleiro numa região intermédia entre floresta e baldio, onde se realizou o 2º fogo controlado da propriedade e o 3º tabuleiro numa região de baldio dominada por carqueja, onde ocorreu o 1º fogo controlado da propriedade.


Enchimento do 2º tabuleiro para gaios (área do 2º fogo controlado) 
com bolotas colectadas pelos voluntários.

Terminámos o dia com mais recolha de bolotas junto ao BioParque de Carvalhais com a visão de preparar a sementeira a realizar no dia seguinte.


Preparação das bolotas para a sementeira 
(escolha de bolotas mais pesadas e sem bicho).

A manhã de sábado foi dedicada à engenharia natural na região do 2º fogo controlado da propriedade junto à linha de água. Construímos um total de 3 paliçadas e 1 gabião para criar depósitos de sedimentos que retenham os nutrientes.

De tarde, foi feita sementeira de bolotas junto à linha de água acima mencionada para que a retenção de nutrientes ajude no crescimento dos carvalhos semeadas. O dia foi encerrado com a chegada do novo voluntário do projecto LiFE Volunteer Escapes (LIFE17 ESC/PT/003), Giovanni Macaluso, que estará a ajudar na manutenção das propriedades da Montis durante um ano.


Construção do gabião na linha de água, na área do 2º fogo controlado à direita. Sementeira das bolotas coletadas à esquerda.

O encerramento do voluntariado centrou-se na monitorização ambiental, em que tentámos identificar a flora e fauna que encontrámos ao longo do percurso da propriedade. Registámos as observação na plataforma do iNaturalist no projeto Montis com o objectivo de criar uma base de dados de monitorização de biodiversidade. Para uma perfeita finalização do voluntariado conseguimos ainda avistar algumas aves de rapina a sobrevoar a área.

Resumindo, existe uma diminuição da quantidade disponível de bolotas o que dificulta a sementeira do baldio em recuperação. Contudo, aos poucos, a regeneração do baldio irá ser visível e esperemos o sucesso dos tabuleiros para gaios na sementeira natural de carvalhos.


Equipa deste voluntariado académico incluindo, 
à direita o nosso novo voluntário do projecto LiFE Volunteer Escapes.


Algumas espécies identificadas e ainda a identificar:

- Perdizes (Alectoris rufa)
- Carvalhos (Quercus robur Quercus pyrenaica)
- Bétulas (Betula)
- Pines (Pinus)
- Pontia (Pontia)
- Feto comum (Pteridium aquilinum)
- Boca-de-leão (Antirrhinum majus)
- Cistus (Cistus)
- Carqueja (Baccharis trimera)
- Urze (Calluna vulgaris)
- Saprófitos (Schizophyllum Irpex)
- Não-me-esqueças (Myosotis)

As que foi possível fotografar encontram-se registadas no projeto Montis na plataforma iNaturalist.



Margarida Silva

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