Após o fogo vem a regeneração

A Cerdeirinha é a única propriedade, até ao momento, que a Montis gere de um proprietário privado. Esta propriedade que é dividida a meio por uma estrada e tem cerca de 3,6 hectares, foi ao longo dos anos de maneira intermitente afectada por fogos florestais.

A propriedade que antigamente era maioritariamente composta por sobreiros e carvalhos maduros, foi posteriormente, por opção do proprietário e com vista a produzir rendimento, reflorestada com eucaliptos. Devidos aos fogos continuos nesta região, o eucaliptal instalado não se tornou rentável e os proprietários, Sr. José Rodrigues e Dona Leopoldina, decidiram protocolar com a Montis a gestão para a conservação da biodiversidade da propriedade. 

A Cerdeirinha, em si, é uma área com uma quantidade bastante elevada de regeneração natural. Os alguns carvalhos e sobreiros da propriedade que foram resistindo de uma maneira ou outra aos fogos e disseminando-se aqui e ali, estão agora, após o fogo de 2017, a rebentar de toiça e copa. 

Sobreiro (Quercus suber) a regenerar de copa

Com a primavera a chegar torna-se importante aproveitar esta regeneração natural dos carvalhos e sobreiros e dar um empurrão ao crescimento das árvores. Foi com este objectivo, que neste passado sábado, dia 9 de Fevereiro 2019, estivemos, juntamente com os voluntários de longa duração Xavier e Gaspard do projecto LIFE VOLUNTEER ESCAPES (LIFE 17 ESC/PT/003), com a Sónia, o Filipe e o Francisco na Cerdeirinha a fazer trabalhos de poda nos sobreiros e carvalhos que estão neste momento a regenerar de toiça. 

Sobreiro (Quercus suber) a regenerar de toiça

Esta poda, feita às guias menos fortes das árvores irá potenciar o crescimento das ramas que têm maior altura e espessura. Nos entremédios da condução da regeneração natural, fomos ainda afastando e limpando alguma vegetação arbustiva que está a causar algum ensombramento aos carvalhos e sobreiros mais pequenos. 

Condução de regeneração natural a carvalhos 

Após uma pausa para merenda, de um pouco de discussão sobre a gestão das florestas e técnicas de gestão e tentativas, bem sucedidas, de fotografar um bombo (zangão) que por ali andáva,  começamos o segundo ponto de trabalhos do dia, corte de Salgueiros para estacaria viva. 

Merenda e zangão

Na berma da estrada que divide a propriedade existe alguma acumulação de água, criando alguns charcos dando origem a galerias ripícolas. No local existe uma quantidade considerável de salgueiros que crescem nesta berma e que estão já com mais de quatro metros de altura. 
Cortando os troncos mais verdes e maleáveis, preparámos perto de 180 estacas que foram depois utilizadas pelos voluntários académicos nas actividades que decorreram no mesmo fim-de-semana no baldio de Carvalhais. 

Corte de salgueiros para estacas

Concluído este trabalho e com a observação do voluntário de longa duração Xavier dos tritões de ventre-laranja juvenis nos charcos desta berma da estrada, despedimos-nos da Sónia e do Filipe e retomamos o trabalho de condução de regeneração natural no topo da propriedade.

Tritão de ventre-laranja (Lissotriton boscai)

Entrada a tarde e para finalizar o dia de voluntariado, recebemos a visita do Sr. José Rodrigues, da dona Leopoldina e dos filhos Sara Rodrigues e João Rodrigues, que vieram fazer a sua caminhada diária, verificar o trabalho feito na propriedade e ajudar nas podas dos carvalhos e dos sobreiros mostrando a sua satisfação com os resultados que começam aos poucos a ser vísiveis na propriedade, referindo a importância de criar algum ensombramento com o crescimento dos carvalhos e sobreiros para controlar os combustíveis finos que antes, como disse a dona Leopoldina, eram controlados (cortados) pelos seus parentes para fazer a cama das vacas.

Um muito obrigada a todos pela participação e esperamos que tenham passado um dia muito agradável por entre a Natureza.

Voluntários no âmbito do projecto LIFE ELCN (LIFE16 PRE/DE/005)



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