Visita à linha de água da Malveira

A MONTIS organizou na passada quarta-feira, dia 22 de novembro, o seu colóquio "Ecossistemas de pequenas linhas de água, como conservar?”. Se a parte da manhã decorreu no Salão Nobre do Edifício Municipal de Mafra (relatada aqui), depois de almoço realizou-se uma visita guiada à propriedade gerida pela MONTIS, na Malveira.

Enquadramento da linha de água

O foco da visita consistiu em explicar e discutir as opções tomadas e a tomar com o objetivo de recuperação da linha de água que atravessa a propriedade e que consideramos central para a recuperação desta área.

Começando pelos trabalhos já desenvolvidos para a recuperação da linha de água, com destaque para as ações de controlo das várias espécies de invasoras: mimosa (Acacia dealbata), acácia-de-espigas (Acacia longifolia), acácia-negra (Acacia mearnsii), acácia-austrália (Acacia melanoxylon) erva-das-pampas (Cortaderia selloana) e de tintureira (Phytolacca sp.), através de descasque e arranque, consoante a situação.

Os participantes ficaram a saber que no lado da vala, numa área onde se encontra uma Faixa de Gestão de Combustível, os sapadores florestais tinham procedido ao corte das acácias, que já tinham secado, o que permitiu o controlo destes núcleos. Posteriormente, foi também removida a lenha proveniente destes cortes. Procedeu-se ao arranque da germinação destas acácias e foram feitas plantações, de carvalhos, sobreiros e freixos (além da sinalização da regeneração natural existente), de forma a promover as espécies autóctones.

Área de corte de acacial adulto após descasque e posteriormente plantado (com protetores).

Foram apresentadas as várias técnicas de engenharia natural aplicadas na Malveira, no decorrer da oficina de engenharia natural no fim de semana anterior ao colóquio (pode ver aqui com mais detalhe como correu). Entres estas, a construção de soleiras (barreiras perpendiculares face à linha de água) com recurso a madeira existente no local ou através de bio rolos de coco, aplicação de manta orgânica e estacaria de salgueiro. Estas contribuem para a maior retenção do solo, para a maior infiltração de água e para melhores condições para a vegetação. 

Aplicação de biorolo de coco na linha de água.

Além destas intervenções, há ainda uma situação que é necessário resolver no futuro, e que irá ter um impacto significativo na recuperação da linha de água. A passagem hidráulica existente por baixo de um dos caminhos que atravessa a propriedade encontra-se, de momento, completamente assoreada. Assim, o desassoreamento da vala permitirá que a água permaneça na linha de água ao invés de transbordar, criando estragos nesta via.

Em linha com esta intenção de dirigir a água para o seu percurso original, foi avaliada a possibilidade de encaminhamento das águas da chuva através de pequenas valas ao longo do estradão, de forma a criar vários rasgos transversais a este (simultaneamente diminuindo a velocidade da água).

Foi abordada também a questão da necessidade de aguardar pelos resultados da estacaria de salgueiro já feita, de forma a avaliar se se deve continuar com o mesmo o esquema da plantação ou, por exemplo, colocar antes a estacaria na base do talude do perfil em U da linha de água.

Ainda há muito por fazer, e muito por discutir, mas vamos fazendo, avaliando, e tirando lições. E que ao longo deste caminho, possamos continuar a contar com parceiros e participantes que nos ensinam e connosco discutem as vantagens e desvantagens das inúmeras soluções possíveis.

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