Um pé em Vieiro, o outro em Deilão

No dia 5 de Dezembro ficamos todos a conhecer Vieiro um pouco melhor. A Margarida e a Rita foram à propriedade pela primeira vez, e os voluntários de longa duração Adele, Manuel, Chloe, Laura e Lia acompanharam igualmente a saída.
A carta abaixo mostra a vermelho a área que a Montis gere em Vieiro, próximo da aldeia de Deilão, em São Pedro do Sul. 
Área gerida pela Montis em Vieiro

As acções de gestão da Montis nesta propriedade tem sido relativamente pontuais e focadas no controle das invasoras, nomeadamente das hakeas e mimosas.
No dia 5 o grupo iniciou caminho entrando pela propriedade na zona nascente, por um caminho que acompanha o fundo do vale e conduz ao centro da propriedade. 
2 anos após o fogo de 2016, no qual a propriedade ardeu,  as galerias ripícolas maduras parecem completamente recuperadas do fogo. 
Na zona central da propriedade o grupo parou para intervir sobre um dos núcleos de mimosa que aí estão instalados. Com os canivetes tentamos descascar as árvores, mas apesar da época do ano ser teoricamente propícia (maior humidade), foi impossível descascar uma árvore convenientemente. 

Início de descasque muito mal conseguido devido à dificuldade em remoção da casca

Em contrapartida, com a humidade do solo bastante alta, verificou-se que o arranque estava a funcionar particularmente bem, conseguindo-se arrancar as árvores com a raíz, mesmo em árvores já com algum porte (1,5 a 2,0 m). E foi essa a tarefa que estivemos a fazer durante a manhã.

Mimosas arrancadas

Aproveitamos a tarde para conhecer a propriedade o melhor possível. Para isso atravessamos a principal linha de água para Sul, e estivemos a avaliar o estado de evolução dos socalcos existentes ao longo do vale. Estes socalcos, sobretudo a sul da principal linha de água, aparentam ter um solo com bastante qualidade (seriam antigamente áreas agricultadas), e actualmente têm bastante regeneração natural de carvalho. As árvores ardidas em 2016 emitiram uma boa quantidade de guias, e estão em excelente estado para serem conduzidas.
Nesta área conseguimos identificar uma série de bombos (também conhecidos como zangões ou abelhões) e alguns chapins reais, junto a uma das linhas de água.
De seguida subimos a encosta até ao ponto mais alto, com vista sobre o vale e os afloramentos rochosos que existem nesta zona da propriedade. Paramos durante algum tempo na expectativa de observar aves de rapina, mas apenas conseguimos ouvir gralhas e alguns outros pássaros mais comuns. 

Oportunidades de condução da regeneração de carvalho 

Afloramentos rochosos em Vieiro

Na descida até Deilão paramos ainda numa das encostas geridas pela Montis, onde há um pinhal em regeneração. Tirando partido do potencial já existente, a condução deste pinhal para um dia resinar, à semelhança do que se está a fazer em Carvalhais, parece-nos ser uma boa forma de criar um mosaico de paisagem mais diversificado, com maiores nichos ecológicos, com a possibilidade de no futuro retirar algum retorno desta gestão.
Terminamos o dia com uma visita a Deilão, onde ficamos a conhecer a dona Maria, o sr. Joaquim, a dona Piedade, e outras pessoas que ali vivem, e terminamos o dia na conversa ao som das cabras e do ribeiro de Deilão. Mas o mais importante é que abrimos um conjunto de oportunidades que esperamos nos permitam em breve ter ali um apoio logístico maior, e uma maior capacidade de dinamização.
Na nossa perspectiva Vieiro tem um bom potencial do ponto de vista da recuperação da paisagem e da criação de mosaicos e diversidade, assim como nos parece que, à semelhança do que se tem visto acontecer no baldio de Carvalhais, esta área pode tornar-se socialmente mais útil, quer para quem vem, quer para quem já lá está.

Gostaríamos que 2019 fosse um ano com mais idas e gestão em Vieiro, e gostaríamos de o fazer com muita companhia, e com o envolvimento de Deilão.

Jóni Vieira

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