Ainda no Bioblitz de dia 24 na Cerdeirinha, mas já na parte da atividade com foco na flora, o Miguel Peixoto foi abrindo a discussão sobre os vários habitats com espécies ameaçadas como as bermas de estradas e taludes, tal como o Paulo Pereira tinha mencionado também no bioblitz de Vieiro, Deilão, mostrando-nos uma espécie que já tínhamos encontrado fora da propriedade, o Anarrhinum longipedicelatum, uma espécie endémica (da região) listada no Anexo V da Diretiva Habitats e que se distingue das espécies do mesmo género por ter um "penincelo grande entre a flor e o caule".
Outros endemismos da península ibérica que foram surgindo são a Linaria triornithophora, Lotus corniculatus, Omphalodes nitida de zonas húmidas e Picris hieracioides.
Conforme íamos avançando na parte inferior da propriedade fomos ainda falando das várias espécies exóticas que iam aparecendo como Erva-de-santa-maria (Chenopodium ambrosioides) que pode substituir os espinafres, Solanum chenopodioides pertencente à família dos tomates, Erva-tintoreira (Phytolacca americana) cujas bagas são utilizadas para fazer tintas e a invasora Erva-rapa (Bidens frondosa), as invasoras de muros Margaridas (Erigeron karvinskianus) e espécies comuns do género Conyza também estas invasoras.
Durante o percurso fomos ainda falando de algumas características das plantas como por exemplo os pequenos estames da Jasione montana que vimos à lupa e Cistus psilosepalus que consegue movimentar os estames de modo a atrair insetos. Fomos ainda falando sobre os usos que algumas plantas podem ter como por exemplo o Plantago sp. comum entre os paralelos e que há quem acredite que seja bom para dores de garganta.
Entre estas espécies, e sem falar dos quercus e todas as árvores de grande porte da propriedade, o Miguel foi ainda mostrando espécies como o Uva-de-gato (Sedum hirsutum) comuns em escarpas, taludes e muros, Orégãos (Origanum vulgare) e espécies de urzes como a Calluna vulgaris, Erica ciliaris e a Erica cinerea sendo que a ultima é de acrescentar que é a ultima erica a florir.
São ainda de salientar duas outras plantas. A Gilbardeira (Ruscus aculeatus) listada no Anexo V da Diretiva Habitats e a Cuscuta sp. comumente chamada de fios-de-ovos, uma planta parasita.
Entre as observações íamos ainda falando de outros grupos como as borboletas que iam passando como a comum Borboleta‑limão (Gonepteryx rhamni), insetos e até de lesmas que estudos recentes indicam que podem danificar posturas de algumas espécies.
Terminamos o bioblitz no âmbito do projeto da Montis do Fundo Recomeçar da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, com a típica merenda e impressionados com a quantidade de espécies identificadas e a rapidez de regeneração desta área tendo em conta os incêndios de 2017 (mesmo tendo em mente a baixa intensidade que atingiu esta parcela).
Parte 1 - ver aqui
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