Como está o baldio da Granja?

O projecto LIFE VOLUNTEER ESCAPES permitiu à MONTIS fazer uma boa quantidade de trabalho, quer no terreno, directamente na gestão das propriedades, quer na secretária. O trabalho feito foi muito enriquecido pelas diversas valências dos voluntários que por cá passaram nos últimos 3 anos.

O João Alves, voluntário do projecto, recolheu em início de 2021 uma série de imagens com drone de várias propriedades, que são muito úteis para retratar e analisar o estado actual de cada uma. Este post serve para mostrar o material recolhido no baldio da Granja.

Fotografia aérea do baldio da Granja, na Primavera de 2021 (o Norte está orientado para a direita)

Quando a MONTIS assumiu a gestão do baldio da Granja fê-lo para ensaiar a resposta a um problema concreto: a existência de plantas invasoras, concretamente mimosas (Acacia dealbata), na zona superior da propriedade. A área é extremamente inclinada e rochosa, o que a torna muito difícil de trabalhar. Na fotografia acima a área intervencionada corresponde a uma pequena porção no canto superior direito da área delimitada a vermelho, muito próximo da capela existente. Começamos a controlar as mimosas com descasques manuais e arranques, esperando conter a mancha existente. 

Entretanto, durante o incêndio que passou na área em 2017, o muro da capela caiu por cima da zona que estávamos a trabalhar. As mimosas que já tinham secado desapareceram, e a maioria das restantes também. Na primavera seguinte as mimosas voltaram a rebentar, e desde então temos estado a gerir essa rebentação com novos descasques. Agora a tarefa está dificultada porque algumas mimosas estão a rebentar debaixo das pedras caídas, o que dificulta muito o descasque. Os pinheiros que arderam no incêndio, e algumas outras árvores que ficaram mais debilitadas, acabaram por cair durante os invernos que se seguiram, cortando uma parte dos acessos que utilizamos para chegar às áreas de intervenção.

Entretanto houve uma intervenção externa à MONTIS, em que foi cortada uma faixa de vegetação em volta da capela. Parece-nos que esta intervenção irá piorar a gestão das invasoras naquela zona a médio prazo: o corte das mimosas estimula a rebentação de novas árvores na zona de corte e nas raízes mais superficiais. 

No que diz respeito aos descasques que temos feito os resultados têm sido bons. As imagens abaixo mostram bem os resultados que se estão a obter.

Mimosas descascadas, practicamente secas.

Em primeiro plano as mimosas descascadas practicamente secas. Em segundo plano, do lado esquerdo, um carvalho que precisa de uma intervenção de condução, com desrame e selecção de varas

Depois do fogo há duas novas tarefas em que nos temos concentrado: conduzir a rebentação dos carvalhos e sobreiros que arderam no fogo e se encontram a regenerar, para acelerar o crescimento das árvores e o ensombramento que as copas vão trazer; tornar novamente operacionais os caminhos que utilizávamos antes da queda das árvores no pós-fogo. 

Mais recentemente identificamos um novo núcleo de mimosas dentro da nossa área de gestão, que já começamos a intervir, na zona Sul (à esquerda na fotografia aérea).

Área de pinhal que ardeu e acabou por cair. Actualmente esta área tem vários carvalhos e sobreiros em regeneração que precisam de ser conduzidos. Há também algumas mimosas que se começam a instalar e que já começamos a controlar.

A fotografia aérea apresentada acima mostra bem a situação actual: a maioria do pinhal existente ardeu no incêndio e caiu, encontrando-se em decomposição na área (globalmente corresponde às áreas mais cinza ou castanhas na imagem; uma boa parte desse pinhal está a Sul, ou seja na parte à esquerda da fotografia aérea); há uma maior concentração de folhosas (carvalhos, sobreiros e outras) na região central da propriedade (árvores com um verde mais vivo no centro da imagem), onde há uma depressão e maior abundância de água; nas zonas mais secas, nas cotas mais altas, está a crescer o giestal. 

Vista geral sobre a área gerida: à esquerda mimosas descascadas a secar; no centro da fotografia o giestal a instalar-se nas cotas mais altas, e as folhosas que regeneraram após o incêndio nas cotas mais baixas; ao fundo, após o giestal, está o pinhal ardido onde actualmente regeneram sobreiros e carvalhos.

Resumindo, a propriedade encontra-se a regenerar bem após o fogo, sendo que a zona central e as cotas mais baixas estão a regenerar mais rapidamente, provavelmente por terem mais água disponível. No que diz respeito às mimosas, a ocupação na área que estamos a intervencionar tem crescido muito pouco e está sob controle, sendo que há uma nova área identificada com um foco de invasão a Sul. 

Se quiserem ver este trabalho no local, o que é muito mais interessante do que o que se consegue ver neste post, temos voluntariado dia 12 de Junho no baldio da Granja. Podem inscrever-se AQUI, ou através do email montisacn@gmail.com.

Jóni Vieira



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