O que temos feito na Pampilhosa da Serra?


Entre janeiro e abril de 2021 estivemos com uma presença diária nas propriedades que gerimos na Pampilhosa da Serra. Com o apoio dos voluntários do projeto LIFE VOLUNTEER ESCAPES e da E-Redes, foi possível ter uma equipa residente durante este período.

Montagem de faxinas (engenharia natural) na propriedade de Soalheira.


E durante este período, com estes recursos, o que fizemos?

É certo que a principal ação de gestão inicial  prevista no crowdfunding “Do eucaliptal até à mata” ainda não foi colocada em prática: o corte raso do eucaliptal. Esperamos cumprir esse objetivo ainda este ano. Sem essa tarefa cumprida é complicado investir em outras ações de gestão, que poderão posteriormente ser comprometidas com o corte raso. Ainda assim temos investido em áreas que não vão ser cortadas, e em outras propriedades que não as que têm eucaliptal. Em números, ao longo deste período foram plantadas 247 árvores, feitas sementeiras em cerca de 360 metros quadrados, mantidos ou abertos cerca de 2 quilómetros de acessos, construídas 76 estruturas de engenharia natural, intervencionados 135 metros de galerias ripícolas, conduzidos cerca de 0,8 hectares de regeneração natural e recolhidos 114 registos de biodiversidade (que podem ser consultados em https://www.inaturalist.org/observations?project_id=montis).

Em janeiro e fevereiro recolhemos bolotas de sobreiro que semeamos na Soalheira. As sementeiras são uma forma barata e rápida de potenciar a regeneração natural.

Sementeira de sobreiro (Quercus suber) na Soalheira.


As plantações foram feitas sobretudo na propriedade Soalheira, mas também na propriedade Penedo Alto. Escolhemos plantas como sobreiro (Quercus suber) para zonas mais secas e carvalho roble (Quercus robur) para zonas mais próximas de linhas de água, procurando adequar as espécies às características dos locais.

Plantações, também na Soalheira.


Foram abertos e mantidos acessos nas quatro propriedades (Soalheira, Penedo Alto, Covões e Barroco Frio), o que permitiu um maior conhecimento das propriedades e abrir caminho para as restantes ações de gestão.

Abertura de caminho em Covões.


No que diz respeito ao investimento no solo, que nas propriedades da Pampilhosa da Serra é central pela fraca qualidade que apresentam, foram feitas estruturas de retenção de sedimentos em locais estratégicos de deposição de sedimentos. Foram construídas estruturas de engenharia natural nas propriedades de Covões, Barroco Frio e Soalheira.

Montagem de estruturas de engenharia natural (paliçadas e gabiões) em Covões.


Para restaurar galerias ripícolas fizemos estacarias sobretudo de salgueiro (Salix atroxinera), mas também, a título experimental, de outras espécies espontâneas nas propriedades, como folhado (Viburnum tinus) e azereiro (Prunus lusitanica). Estas intervenções foram feitas em Covões, no rio Unhais, e na soalheira numa linha de água efémera.

Estacaria de salgueiro (Salix atrocinerea) para recuperação da linha de água efémera na Soalheira.

Na Soalheira e em Penedo Alto foram podados pinheiros bravos (Pinus pinaster) enquanto que na propriedade de Covões foi realizada poda em azinheiras (Quercus rotundifolia). Estas acções destinam-se a acelerar o crescimento vertical das árvores e a formação de copado.

Poda de pinheiro bravo (Pinus pinaster) em Penedo Alto.


Os registos de biodiversidade foram feitos pelas várias equipas de voluntários que trabalharam nas quatro propriedades, com recurso à aplicação iNaturalist. Foram identificadas 114 espécies de plantas, 35 de animais e 20 espécies de fungos.

Anarta myrtilli, uma espécie de traça avistada em Barroco Frio.


Guilherme Varejão

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