Nos dias 10 a 12 de Abril, a MONTIS organizou a conferência "A primeira década da MONTIS - um olhar para o futuro", enquadrada na celebração dos 10 anos da associação.
Na manhã do dia 10 de abril, no seguimento da sessão "Os princípios de gestão da MONTIS", teve lugar um debate em formato mesa redonda com o tema "Apoiar os processos naturais". O debate moderado pelo vice-presidente da MONTIS, Luís Lopes, iniciou-se com a intervenção do Marco Ribeiro, da Raízes-In.
Abordando o tema do fogo controlado, Marco Ribeiro (Raízes-In) começou por fazer um breve enquadramento referindo o plano de fogo controlado que a MONTIS iniciou em 2017 no Baldio de Carvalhais. Na sua intervenção salientou os bons resultados obtidos pela MONTIS, convertendo o giestal numa paisagem em mosaico com esta ferramenta de gestão. Deu também os parabéns à MONTIS pelo seu contributo na comunicação e sensibilização da comunidade para esta técnica, e aproveitou para lançar o desafio à MONTIS de dar formação à equipa técnica para ter os seus próprios técnicos de fogo controlado credenciados.
Pedro Serafim, da ALTRI Florestal, começou por referir os protocolos estabelecidos com a MONTIS para a gestão das propriedades de Vieiro e Costa Bacelo, salientando o alto valor de conservação e regeneração natural destas propriedades que a ALTRI. Abordou também a temática da "regeneração natural vs plantação", referindo o esforço que a ALTRI tem feito para produzir uma maior quantidade de plantas autóctones, com o duplo desafio de controlar a origem genética das sementes e onde essas plantas vão ser plantadas, de forma a manter a identidade genética dos locais, sendo por isso mais eficaz e imperativo apoiar a regeneração natural.
Gonçalo Brotas, da ACHLI, falou sobre a gestão de habitat para a fauna, dando o exemplo de ações de gestão florestal como a plantação de carvalhos sobre o coberto de pinhais destinados ao corte. Deu também exemplos de ações de cogestão da ACHLI em Carvalhais, criando zonas de não-caça em áreas importantes para o lobo ibérico enquanto simultaneamente apoiam gestores de caça na instalação de charcas e alimentadores noutras zonas. Partilhou também dados recentes sobre o projeto de reintrodução do corço, informando que cerca de 5% da alimentação da alcateia da serra da Arada já era composta por corço.
António Monteiro, do CIBIO, rematou o debate procurando englobar os temas anteriores no conceito de rewilding, salientando que este é um conceito que deve ser aplicado a uma abrangência geográfica muito ampla, ao nível da paisagem, e que portanto é bastante dinâmico ecologicamente e não colide com uma gestão florestal ativa, como plantações, controlo de plantas invasoras e fogo controlado. Finalizou, referindo que todos os temas anteriores se interligam através do despovoamento e o consequente abandono da gestão dos terrenos e das atividades como o pastoreio, aumentando a carga combustível para incêndios e diminuindo as presas e carcaças disponíveis.
Com este debate, ficou claro para todos os presentes que ao longo dos seus 10 anos a MONTIS tem conseguido obter resultados através do seu trabalho, estabelecendo parcerias relevantes para a gestão de terrenos com objetivos de conservação de natureza.
Se pretender apoiar a MONTIS a expandir esta gestão, relembramos que temos uma campanha de crowdfunding a decorrer, "Nos cumpre tê-lo com cuidado", cujo objetivo é criar um fundo para aquisição de novos terrenos. Para nos apoiar vá a https://ppl.pt/montis.
Continuem a acompanhar a conferência nas próximas publicações.
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