CTI 2024 Baldio de Carvalhais: Passeio dos moinhos

 

No dia 3 de agosto, tivemos o Passeio EcoHistórias: Moinhos, Aquedutos e vida da ribeira de Contença. Esta foi uma atividade organizada no âmbito do Campo de Trabalho Internacional (CTI), que decorreu de 2 a 11 de agosto em Carvalhais, e que foi também incluída no programa Ciência Viva no Verão (CVV). 

O passeio contou com a participação de 28 pessoas, entre elas os 12 voluntários internacionais do CTI e os 13 participantes externos do CVV. 

Após uma introdução à MONTIS, explicando o âmbito da associação e contextualizando a atividade, começámos a visita aos moinhos do Pisão, localizados nas margens da ribeira da Contença, orientada pelo Sr. António Francisco Gomes, antigo funcionário da Junta de Freguesia de Carvalhais e responsável pela manutenção dos moinhos.

No primeiro moinho, o mais a jusante, o Sr. Francisco explicou o seu contexto histórico, referindo que a construção data do século XVIII, e que cada moinho representa um grupo de 15 famílias da região que pagou a sua construção: em muitos casos o nome do moinho, corresponde ao nome da família que propôs a construção do mesmo, angariou as outras famílias interessadas e supervisionou a construção. Explicou também que a exploração era rotativa: assim cada uma das 15 famílias tinha farinha fresca de duas em duas semanas.


O Sr. Francisco foi apontando as diferenças entre os moinhos, nomeadamente nas levadas em aqueduto, algumas feitas de madeira de pinheiro e outras de pedra, o que era explicado pela aptidão que cada grupo de famílias tinha para trabalhar o material a utilizar. Foi também explicado pelo Sr. Francisco que a maioria dos aquedutos de madeira são réplicas dos aquedutos originais, e que em alguns casos o restauro se desviou da arquitetura original, em que os moinhos que originalmente tinham telhados rasos, agora têm telhados em "V" feitos de telhas modernas.

Já no século XX foram instalados cofres de metal em vários moinhos, para impedir que roedores e outros animais chegassem à farinha, numa altura em que a população já tinha mais consciência da higiene.

Atualmente, os moinhos são muito raramente usados para a moagem, mas ainda vimos um completamente funcional. Ao longo do percurso até ao 13º moinho, o Sr. Francisco foi contando histórias e lendas, que fazem partem da cultura associada aos moinhos, como a da "erva-fome", que se encontra nesta zona e que era usada pelos jovens para seduzir as meninas, e a lenda da mina do bode.


O percurso incluiu também uma iniciação à aplicação iNaturalist, o que permitiu registar alguma biodiversidade, incluindo os morcegos que usam estes moinhos como abrigo.


Agradecemos a todos os participantes e ao Sr. Francisco pela disponibilidade e boa disposição com que transmitiu os seus conhecimentos e histórias. Esperamos que tenham gostado!

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