O importante é o que conseguirmos fazer nos intervalos

Ontem, dia 7, queimámos mais vinte dos cem hectares que temos sob nossa gestão no baldio de Carvalhais.
Com esta acção fechámos o primeiro ciclo de queimas, o mais difícil, e passamos a ter 50 hectares em que não usamos fogos, e 50 hectares, divididos em três parcelas, dos quais 20 hectares foram queimados em 2017, dez em 2018 e agora estes vinte.
Na próxima época de Outono/ Inverno não tencionamos queimar, pelo menos nesta propriedade, e depois voltaremos a queimar as mesmas três parcelas, pela mesma ordem, em três anos seguidos.
O importante não são as queimas, as queimas são apenas um instrumento de gestão, entre outros e, em especial, a primeira queima tem exclusivamente como objectivo abrir oportunidades para outros tipos de intervenção, como a condução da regeneração natural, sementeiras directas, plantações, retenção de solo, condução da água, instalação de tabuleiros para gaios e ainda permitir alguns estudos.
A queima ao quarto ano, a primeira das quais esperamos fazer na época de Outono/ Inverno de 2020/ 2021, espera-se que seja mais tranquila por haver uma menor acumulação de combustível, o que também permite um fogo mais atento aos pormenores das áreas ou árvores que queiramos evitar que ardam nessa altura. Nessa altura, para além do controlo do risco de incêndio, esperamos que a queima com ciclos curtos vá influenciar a dinâmica da vegetação, promovendo a diversidade.


Desta vez, começou-se por reforçar a protecção da zona limite da parcela para evitar que o fogo saísse da área delimitada, tendo ardido qualquer coisa como 80% da área.
Ao contrário do que acontece em fogos muito severos, como muitos dos grandes fogos de Verão, nas condições de queima controlada, em que são escolhidos dias com uma meteorologia favorável, em que são definidos os pontos onde o fogo começa de maneira a controlar a intensidade, em que se queima contra o vento e a descer quando se pretende limitar a intensidade do fogo, etc., o resultado final não é uma área homogénea com a vegetação totalmente calcinada, mas um mosaico de situações que favorece francamente a recuperação rápida.

Nesta imagem, de uma área já queimada, é bem visível o fundo de um vale que não se conseguiu fazer arder, mas também a diversidade da cobertura do solo que se mantém, mesmo depois da queima.
Como há cerca de um mês fizemos uma primeira parte desta queima, essencialmente queimando todo o perímetro, antes de se queimar a parte substancial da propriedade, é possível ter uma ideia clara de como a afectação do solo e da vegetação por este tipo de queimas é diferente da que é provocada por fogos intensos em condições meteorológicas desfavoráveis, como se pode ver por esta fotografia de um pormenor do solo de uma área queimada há um mês, deixando no solo muita matéria orgânica e permitindo que, apenas um mês depois, no Inverno, já estejam a despontar algumas ervas.
Com um giestal impenetrável, foi preciso em algumas alturas, ter alguma intensidade do fogo para se obterem os resultados pretendidos.

Mas como o que realmente importa não é a queima em si, logo nessa tarde, ao mesmo tempo que se zelava pela segurança da parcela ainda com alguns pontos com fumo, percorreu-se todo o perímetro da parcela para fazer uma primeira identificação dos acessos criados e das áreas com maior potencial para a instalação de bosquetes e áreas de retenção de sedimentos.


A corporação de bombeiros de São Pedro do Sul foi um apoio fundamental a toda a operação, quer há um mês atrás, quer ontem, incluindo na fase de fogo mais intenso e maior coluna de fumo em que os telefonemas de alerta de fogo eram constantes, transmitindo tranquilidade e segurança às pessoas que, compreensivelmente, estavam preocupadas.


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