Uma das boas coisas que a Montis tem é o conjunto dos seus sócios.
No post anterior, não assinado mas escrito por mim, há umas asneiras de interpretação do fogo.
Como sabia que essa era uma possibilidade, eu não sou especialista de fogo ou de ecologia do fogo (na verdade eu sou um generalista, independentemente de não ser seguramente especialista de fogo), pedi ao Paulo Fernandes que me fizesse uma leitura crítica do post.
Paulo Fernandes corrigiu-me a interpretação da direcção do vento chamando a atenção para o "congelamento" da vegetação, na primeira fotografia, sugerindo uma direcção de vento inversa da que eu tinha referido, e corrigindo a ideia errada que eu tinha retido sobre a indicação da direcção do fogo que os troncos dão (ao contrário do que está no post "o queimado é mais alto do lado que fica abrigado do vento, especialmente sob ventos mais fortes e essencialmente porque se formam vórtices que fazem subir a chama").
Corrigir as asneiras de interpretação torna tudo mais inteligível porque significa que fogo subiu a encosta, empurrado por um vento forte, sendo assim mais fácil entender a sua intensidade, também no vale, que funcionou como um canal que imprime ainda mais velocidade ao vento, e mais intensidade ao fogo.
Mas Paulo Fernandes fez mais, mandou-me o mapa acima, retirado do EFFIS, em que a intensidade do fogo é tanto maior quanto mais encarnado, mostrando que o vale em que estão os terrenos da Montis estava provavelmente no eixo de propagação do fogo.
A elevada intensidade sugerida no mapa acima (que é preciso interpretar com cuidado, o satélite trabalha com áreas de alguma dimensão, e no terreno pode haver variações relevantes que não são captadas pelo satélite) ajuda a explicar por que razão as opções de gestão que fizemos não terão dado os resultados pretendidos: quanto maior é a intensidade do fogo, menos relevantes são as pequenas variações criadas pela gestão que fomos fazendo.
Compreender os processos naturais e usá-los em função de objectivos de conservação é a ideia base da Montis, corrigir o que se vem a verificar errado é um princípio que nos parece útil.
Como os erros foram meus, assino hoje este post.
E vamos então esperar pela Primavera para compreender melhor como podemos usar os dez anos que nos separam do próximo fogo para, da próxima vez, conseguirmos ver resultados da gestão.
henrique pereira dos santos
No post anterior, não assinado mas escrito por mim, há umas asneiras de interpretação do fogo.
Como sabia que essa era uma possibilidade, eu não sou especialista de fogo ou de ecologia do fogo (na verdade eu sou um generalista, independentemente de não ser seguramente especialista de fogo), pedi ao Paulo Fernandes que me fizesse uma leitura crítica do post.
Paulo Fernandes corrigiu-me a interpretação da direcção do vento chamando a atenção para o "congelamento" da vegetação, na primeira fotografia, sugerindo uma direcção de vento inversa da que eu tinha referido, e corrigindo a ideia errada que eu tinha retido sobre a indicação da direcção do fogo que os troncos dão (ao contrário do que está no post "o queimado é mais alto do lado que fica abrigado do vento, especialmente sob ventos mais fortes e essencialmente porque se formam vórtices que fazem subir a chama").
Corrigir as asneiras de interpretação torna tudo mais inteligível porque significa que fogo subiu a encosta, empurrado por um vento forte, sendo assim mais fácil entender a sua intensidade, também no vale, que funcionou como um canal que imprime ainda mais velocidade ao vento, e mais intensidade ao fogo.
Mas Paulo Fernandes fez mais, mandou-me o mapa acima, retirado do EFFIS, em que a intensidade do fogo é tanto maior quanto mais encarnado, mostrando que o vale em que estão os terrenos da Montis estava provavelmente no eixo de propagação do fogo.
A elevada intensidade sugerida no mapa acima (que é preciso interpretar com cuidado, o satélite trabalha com áreas de alguma dimensão, e no terreno pode haver variações relevantes que não são captadas pelo satélite) ajuda a explicar por que razão as opções de gestão que fizemos não terão dado os resultados pretendidos: quanto maior é a intensidade do fogo, menos relevantes são as pequenas variações criadas pela gestão que fomos fazendo.
Compreender os processos naturais e usá-los em função de objectivos de conservação é a ideia base da Montis, corrigir o que se vem a verificar errado é um princípio que nos parece útil.
Como os erros foram meus, assino hoje este post.
E vamos então esperar pela Primavera para compreender melhor como podemos usar os dez anos que nos separam do próximo fogo para, da próxima vez, conseguirmos ver resultados da gestão.
henrique pereira dos santos
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