Dores de crescimento


Quando se fez a Montis era tudo muito simples: o que queríamos era gerir terrenos com objectivos de conservação de uma forma transparente, aberta e prazenteira.
Mais ou menos daqui a um ano estaremos a preparar as eleições que varrerão dos órgãos sociais todos os fundadores da Montis por uma razão estatutária: não se podem fazer mais de dois mandatos consecutivos e uma boa parte das pessoas que inicialmente se envolveram na Montis acabaram por estar nos seus órgãos sociais nos dois últimos mandatos (que também foram os primeiros).
A associação que quem vier vai encontrar é muito diferente que o que era inicialmente - naturalmente, nem existia - mas também substancialmente diferente do pensávamos que seríamos capazes de fazer.
Gerimos cerca de 150 hectares, com fortes probabilidades de lhes somarmos mais cem, ali para os lados de Abrantes, temos um orçamento gigantesco para o que pensámos, mas curto para pagar exclusivamente pelas quotas dos sócios um secretariado, como era a nossa ideia, estão três pessoas a tempo inteiro e duas a meio tempo, a trabalhar na Montis e temos um conjunto de actividades quer lúdicas, como os passeios, quer de trabalho, como o voluntariado, quer de debate, como os colóquios, que não pensámos ser possível em tão pouco tempo.
Se é verdade que isso nos deixa muito satisfeitos, não é menos verdade que não só nos deixa assustados, como muito preocupados com o esforço que estamos a exigir a uma equipa técnica muito dedicada.
Ter duas técnicas em formação no fim da semana que passou, 40 voluntários no fim de semana, ao mesmo tempo que preparamos um colóquio no dia 17 e um passeio com a Terra Chã no fim de semana seguinte, gerindo dois projectos LIFE (um como coordenador, outro com responsabilidades mais restritas), tendo de preparar o futuro, angariar recursos, preparar uma próxima campanha de crowdfunding, pôr de pé um programa consistente de observações e registos assente na ciência cidadã, garantir a absoluta transparência e solidez das contas, etc. etc., etc., não é fácil para uma pequena associação que conta sobretudo com os seus sócios e doadores.
Pela parte que me toca, e pedindo já a quem se sinta com vontade e energia para começar a pensar em listas para as eleições do ano que vem, porque esta gente, técnicos e sócios, valem a pena e merecem, só queria agradecer todo o esforço em que tem assentado o crescimento da Montis.
Nem sempre corre tudo bem, mas o resultado global merece ser visto no terreno, que é onde verdadeiramente se avalia o que está feito e o que se consegue imaginar de resultados concretos de conservação para os próximos anos.
henrique pereira dos santos

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