Não só de água os rios são feitos

As várias chuvadas intensas que têm caído no último mês fizeram com que as várias linhas de escorrência de água do baldio de Carvalhais, que se encontravam secas desde o início de Agosto, pareçam agora pequenos rios, com caudais de dimensão considerável.


Nestas linhas, vários gabiões e paliçadas foram colocados nas diversas atividades que ocorreram no baldio e começam agora a cumprir a sua função de acumulação de sedimentos com o objetivo de enriquecimento dos solos nos locais adjacentes acelerando a fixação e o desenvolvimento da galeria ripícola para a qual, através de estacarias, sementeiras e plantações se dá uma mãozinha extra.


Contudo, a engenharia natural abrange muitas outras técnicas que podem ser facilmente utilizadas no trabalho de manutenção das propriedades, tais como as mantas orgânicas já utilizadas em pequenas intervenções em Carvalhais.

As propriedades em que intervimos com engenharia natural têm a particularidade de não terem linhas de água mas sim linhas de escorrência o que nos obriga a realizar sempre uma adaptação das mais diversas técnicas de engenharia natural. Neste sentido, estivemos presentes no fim-de-semana de 8, 9 e 10 de Novembro, num workshop dinamizado pela EcoSalix - Sistemas Ecológicos de Engenharia Natural em parceria com a equipa Multidisciplinar de Ação para a Sustentabilidade (EMAS) da Câmara Municipal de Santarém, para consolidar e adquirir novos conhecimentos que possam contribuir para a gestão das propriedades.  


O workshop incidiu nas componentes em que a engenharia natural é mais frequentemente utilizada: na recuperação de zonas ripícolas e estabilização de encostas. Para além da componente teórica o workshop teve ainda uma componente prática em que a Montis, como é habitual, meteu “mãos à obra”.


Assim, sexta contribuímos na manutenção de uma galeria ripícola (ribeira das Fontainhas na Romeira) na qual as estacarias de salgueiros em 2 anos atingiram os 3 metros de altura. Aqui procedemos a podas que iriam ser utilizadas na ação do dia seguinte.


No Sábado enquanto houve luz suficiente e assim que a chuva abrandou, intervencionámos um troço da ribeira de Cima na Gançaria que estava completamente invadido de canas (problema nosso conhecido da propriedade do Freixo do Meio). De forma a não se utilizar herbicidas, os rizomas das canas foram removidos utilizando maquinaria pesada e a partir daí colocaram-se mantas orgânicas e foi instalada uma hidrosementeira nas margens do rio, que futuramente serão apoiadas pelas raízes das plantações e estacarias. Foram ainda utilizados gabiões cilíndricos, técnica usual no baldio, aqui com um propósito diferente: proteção de zonas de maior erosão. Em zonas de menor erosão foram ainda colocados biorolos, entrançados vivos e faxinas vivas de salgueiros que se espera que para além de protegerem contra a erosão causada pelos caudais nas bases dos taludes, contribuam também com raízes e vegetação para a fixação e desenvolvimento das galerias ripícolas.


Agora tal como no baldio, é preciso dar tempo ao tempo para que a natureza siga o seu rumo e se comecem a ver resultados. Ao contrário destes troços, os salgueiros do baldio possivelmente demorarão mais de 2 anos a atingir os 3 metros de altura. No entanto, aos poucos espera-se que as técnicas aplicadas e futuras técnicas que possam ser introduzidas contribuam para a instalação das galerias ripícolas e a biodiversidade associada às mesmas.


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