Rios que moldam

Nos últimos anos, temos vindo a repetir durante estes meses mais quentes de verão o Passeio da Água da Montis, num troço do Rio Teixeira, dedicado a mostrar a importância dos rios nos ecossistemas, as vegetações representativas de galerias ripícolas e a morfologia que se forma nos leitos e margens pela força do rio.

Este ano, juntámos o Passeio da Água com o Passeio de Rios de Montanha, uma das recompensas dos doadores do crowdfunding "Como coisa que nos é cedida", do qual resultou a compra de cerca de 11 hectares em Pampilhosa da Serra.

Com um grupo de cerca de 30 pessoas, descemos até à mini-hídrica da povoação de Cercal em São João da Serra, onde fizemos uma pequena introdução ao passeio e ao trabalho da Montis, celebrando a ajuda de todos os que contribuíram para a realização das escrituras dos terrenos adquiridos em Pampilhosa da Serra no dia 16 de Agosto. 

Equipa do dia

Já no leito do rio, começámos a nossa travessia, uns já entusiasmados por dentro da água, e outros a guardarem-se para uns banhos nos poços do rio seguiram pelas rochosas margens. Parámos debaixo de uns adernos que decoravam a paisagem, para falarmos um pouco da importância das galerias ripícolas nos ecossistemas sendo estas consideradas as vegetações nas margens dos rios, tornam-se habitats essenciais para a fauna que habita estes locais frescos e húmidos. Formadas por vários tipos de árvores e arbustos, conseguimos identificar pelo menos 4 destas árvores comuns numa galeria ripícola, os salgueiros, amieiros, freixos e os adernos. 


Falámos também um pouco sobre a história do Rio Teixeira, um dos rios considerados em estado mais selvagem da Europa, com cerca de 13,5 km afluente do Rio Vouga e que se estende desde São Pedro do Sul até Couto de Esteves. Com uma boa qualidade de água o rio Teixeira é um ecossistema óptimo para diversas espécies de insectos, avifauna, anfibíos e répteis e vegetação. 

Pouco depois de falarmos de toda a vida selvagem que é albergada pelos rios, fomos brindados com a presença/captura de libelinhas e libélulas que por ali esvoaçavam alimentando-se de pequenos insectos e uma rã (cremos nós) ibérica.


Chegando ao primeiro poço do nosso percurso foi tempo de relaxarmos um pouco antes de prosseguirmos caminho, por zonas mais cavadas do rio. A força da água vai moldado as margens e leito do rio através da erosão, criando rochas mais "lisas" e suaves (o que até nos ajudou em algumas escorregadelas que terminaram em rocha confortável). Em algumas zonas do leito do rio são visíveis vários "buracos" nas rochas, estes estruturas geológicas, chamadas marmitas de gigante acontecem devido ao transporte de pequenas rochas pela água e um contínuo redopio das mesmas num sítio específico do leito. 

Marmita de gigante (seta branca na imagem)

Continuámos o restante do percurso, pelas encostas ou pela água até chegarmos ao poço/cascata final, com paragens para fotografias, mergulhos refrescantes e até alguns saltos de mais corajosos. 

Zona de saltos

Chegados ao destino desfrutámos do sol com diversão na água, enquanto se preparava a merenda que entre conversa realizámos antes de subirmos pela Quinta de São Francisco, que amavelmente nos deixou utilizar o seu portão para terminar o nosso percurso de forma circular. 


Um muitíssimo obrigado a todos pela participação, esperamos que tenham gostado e até para o ano!

(Fotografias de Rui Ferreira)
Margarida Silva

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