Insectos e invertebrados na Cerdeirinha

No início do mês de Novembro, no fim-de-semana de 9 e 10, estivemos na Cerdeirinha com voluntários do Núcleo de Estudantes de Biologia da Associação Académica de Coimbra (Nebaac) a apoiar a gestão e a observar e registar biodiversidade.
Durante o sábado juntamo-nos aos pequenos gaios da Escola do pinhal novo e focamo-nos na condução da regeneração natural na parte superior da propriedade.


Esta zona tem sido trabalhada com o apoio do fundo recomeçar financiado pela santa casa da misericórdia de Lisboa e com o apoio dos Voluntários de longa duração, sendo já possível identificar carvalhos e sobreiros podados que antes se encontravam escondidos numa paisagem repleta de regeneração de eucalipto.


Depois da pausa de almoço, que serviu também para secar a roupa e os sapatos que tinham ficado encharcados durante a manhã, aproveitamos uma aberta, e os últimos raios de sol, para colocar taças e pratos coloridos para captura de invertebrados.
Os pratos coloridos são um tipo de armadilha utilizada normalmente para animais voadores que são atraídos pela cor (azul, branco ou amarelo). Enquanto que as taças funcionaram para capturar maioritariamente exemplares de animais não voadores, tendo sido feitos pequenos buracos no chão, de forma a ficarem ao nível do solo.
Para apanhar insetos e outros invertebrados, colocamos em cada armadilha um pouco de água, não exagerando não fosse o caso de voltar a chover e transbordar, e umas gotas de detergente para diminuir a tensão superficial de modo a evitar que o que caísse nas armadilhas conseguisse escapar.


No domingo de manhã juntaram-se aos voluntários da Nebaac e aos voluntários de longa duração, o Francisco Barros que foi o monitor do dia e outros dois participantes individuais.
Começamos o dia a fazer uma prospeção do terreno que é como quem diz ir vendo o que se encontra. Apesar de não ser a época em que os invertebrados são mais abundantes, e apesar do tempo menos propicio, fomos encontrando, aqui e ali, alguns animais.


Os primeiros invertebrados a serem observados foram lesmas da espécie Arion rufus, identificáveis através do pé. Ao contrário de outras espécies que fomos encontrando, como os gafanhotos em que existem diferenças entre machos e fêmeas, as lesmas são hermafroditas. Apesar de de serem hermafroditas necessitam de parceiro pois não se autofecundam.


Um dos grupos mais observado e identificado durante a atividade foi o dos gafanhotos por exemplo o géneros Pezotettix. Nestes foi possível observar as diferenças entre fêmeas e machos, principalmente no que diz respeito ao tamanho, sendo que as fêmeas são maiores, e ao término do abdómen que é mais suave nas fêmeas e em forma de placa nos machos.
Uma das espécies de gafanhotos que encontrámos foi Acrotylus insubricus que permitiu discutir diferenças entre espécies. Neste caso, os padrões pretos e vermelhos das asas e o pronoto (entre a cabeça e as asas) diferencia esta espécie dos A. ficheri e A. patruelis.


Durante a atividade o Francisco Barros foi-nos ainda explicando as três diferenças características entre os gafanhotos e os grilos: a fêmeas de grilos terem genitália em forma de sabre, o que permite colocar ovos em locais mais protegidos, as antenas dos grilos serem geralmente maiores e enquanto os gafanhotos produzem som raspando as pernas nas laterais das asas, os grilos produzem cantos esfregando as tégminas.

Fomos ainda tropeçando e encontrando várias espécies de aranhas como as aranhas lobo, família Lycosidae, Miturgidae micrommata e opiliões, que se diferenciam das aranhas por em vez de terem o corpo dividido em 2 segmentos são pequenas bolas com patas.


Para além destes, encontrámos ainda térmitas, centopeias, alguns insetos voadores de difícil distinção a olho nu e cigarrinhas verdes, em grande abundância na parte inferior da propriedade.

Enquanto descíamos para a parte inferior da propriedade, e se falava da componente florestal e da evolução da mesma, surpreendemo-nos com um ninho numa encosta a cerca de meio metro do chão, não tendo sido possível identificar de que espécies seria. Chegados à parte inferior da propriedade fomos ainda à procura de traça do medronheiro e algumas espécies típicas da manta morta, mas sem sucesso.


No final da atividade recolhemos o conteúdo das armadilhas, incluindo, entre outras, larvas de borboleta, coleópteros e moscas das flores. Numa das taças tivemos o infortúnio de capturar um rato, o que nos levará a ter cuidados redobrados, como por exemplo com colocação de redes, em futuras atividades.


Esta atividade foi realizada no âmbito do Fundo Recomeçar financiado pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

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