A Mata Nacional do Bussaco (MNB) tem sido na última década um laboratório de testes para a gestão de flora exótica invasora. A alavanca para esse laboratório foi o projecto LIFE BRIGHT, que entre 2011 e 2017 financiou a gestão deste problema na MNB.
No passado dia 29 de Fevereiro fomos, em passeio, ver e discutir os resultados que actualmente se encontram no terreno.
Passagem do grupo sobre uma das árvores caídas durante os temporais dos últimos anos, neste caso aproveitada para criar uma passagem |
Com um grupo de 18 participantes o passeio começou na zona principal de intervenção do projecto: um pinhal de depois de cortado foi rapidamente invadido pelo acacial. O projecto realizou várias acções que grandemente se basearam em controle manual das invasoras, nomeadamente com descasque e arranque. Esta área de reconversão ecológica foi densamente plantada com espécies maioritariamente autóctones, que foram alvo de um acompanhamento próximo com regas e retanchas.
Passados 9 anos desde o início do projecto esta área de intervenção apresenta uma presença relativamente reduzida de acácias, e uma excelente ocupação por vegetação espontânea e plantada. A densidade de plantação, muito semelhante à que a Montis utiliza quando planta, tem aparentemente permitido um controle passivo da ocupação por acácias, pelo ensombramento que cria. Nas encostas voltadas a Poente/ Sul, a instalação da vegetação parece estar a ser mais difícil, e aqui verifica-se uma maior ocorrência de invasoras. Ainda assim estas encostas têm vários pinheiros, carvalhos e cedros do Bussaco ainda pequenos, mas instalados e de saúde. Durante a caminhada foi possível ver algumas rebentações de raiz que continuam a ocorrer, alguns pontos de acumulação de sementes das poucas acácias que por alguma razão sobreviveram às intervenções, que actualmente formam pequenos tapetes de acacial. Estes parecem ser os desafios futuros. Vimos também acácias de grande porte que aqui sucumbiram ao descasque, estando actualmente secas em pé.
Passagem na encosta exposta a Sudoeste, com menor ocupação por vegetação espontânea e plantações |
Germinação de novas sementes |
Duas acácias de grande porte descascadas e secas no meio dos loureiros e folhados que entretanto surgiram |
O aparente sucesso com o controlo de invasoras lenhosas não se verifica com o controle de invasoras herbáceas, como é o caso da Tradescantia fluminenses (erva do diabo). Apesar do projecto ter investido bastante em testes piloto para o controlo desta espécie (de acordo com os relatórios do projecto BRIGHT), ela reocupou na actualidade uma parte considerável das áreas controladas.
Terminamos o passeio com uma visita ao Adernal da Mata Nacional do Bussaco, que foi também alvo de intervenções no controlo de invasoras. Terminamos com a sensação que há aqui um bom trabalho feito e muitas lições a levar para futuros projectos e acções de gestão de flora invasora.
Um grande obrigado a todos os participantes pela presença, partilha, boa disposição e pelos donativos realizados. É com o vosso envolvimento e confiança que a Montis consegue crescer e fazer um pouco mais pela gestão da nossa paisagem.
Um especial obrigado ao sócio Luís Côrte-Real pela partilha das excelentes fotografias que tirou.
Jóni Vieira
Adernal da Mata Nacional do Bussaco, por Luís Côrte-Real |
Regeneração do banco de sementes em áreas de Adernal, onde foi feito o controle de Tradescantia fluminensis, por Luís Côrte-Real |
Adernal da Mata Nacional do Bussaco, com as capelas da Via Sacra entre a vegetação da mata, por Luís Côrte-Real |
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