A Maria João esteve na MONTIS a realizar a sua tese de mestrado em Mestrado em Gestão e Conservação de Recursos Naturais, tese essa com o título "Avaliação dos efeitos biológicos do fogo controlado em formação de matos" de Março a Maio de 2019. Entre o trabalho de campo para o seu estágio foi-nos ajudando nas tarefas de gestão das propriedades juntamente com os restantes voluntários do LIFE VOLUNTEER ESCAPES (ESC/PT/003), e participando em diversas actividades dinamizadas pela associação.
Deixou-nos abaixo o seu testemunho da experiência na MONTIS.
"O meu trabalho aborda os efeitos do fogo controlado nas propriedades do solo, desenvolvimento da vegetação e ocorrência e abundância de artrópodes (carabídeos, outros coleópteros e aranhas) no Baldio de Carvalhais. Consideraram-se as 3 áreas onde foi aplicado o fogo controlado. Para cada área definiu-se uma parcela de amostragem queimada e uma parcela de amostragem não queimada, utilizada como situação de controlo. Em cada parcela recolhi uma amostra integrada de solo, tendo posteriormente analisado a condutividade eléctrica, o pH, a matéria orgânica e a concentração de nutrientes. O coberto vegetal foi determinado em termos da componente específica e do grau de cobertura. A amostragem dos artrópodes foi realizada entre os meses de Março e Maio de 2019 com intervalos de 15 dias com recurso a armadilhas do tipo pitfall.
As análises ao solo mostraram variações em todas as áreas para os nutrientes e condutividade eléctrica. A matéria orgânica e pH evidenciam que o fogo não induziu perturbações no solo. Já o desenvolvimento da vegetação aponta para uma evolução temporal positiva da área queimada há mais tempo para a mais recente, destacando-se Pterospartum tridentatum (carqueja) como uma espécie com elevada resiliência. Os resultados referentes aos artrópodes apresentam uma grande variabilidade, sem um padrão consistente, sobretudo para os carabídeos e coleópteros no geral. As aranhas são o único grupo que apresenta uma tendência homogénea para todas as áreas, com abundância superior em todos os locais de controlo.
O trabalho apresenta algumas limitações no sentido em que não foi possível realizar um estudo comparativo antes e após a aplicação do fogo controlado, tratando-se apenas de uma comparação entre zonas queimadas e zonas equivalentes consideradas como controlo, de modo a observar as diferenças provocadas pela acção do fogo controlado realizado em 3 áreas e anos distintos. Tendo em conta que o trabalho foi feito no âmbito de uma tese de mestrado, tinha objectivos ambiciosos, uma vez que para realizar uma análise mais profunda e obter resultados mais precisos e consistentes seria necessário prolongar o trabalho de campo no tempo e no espaço de modo a ter um maior número de dados para explicar as variações obtidas (solos e carabídeos). Ainda assim com o tempo e recursos que tinha realizei-o com todo o empenho.
Penso que o meu trabalho pode ser visto como um contributo para a MONTIS, não só pelos dados de biodiversidade que foram recolhidos como também poderá servir de base a futuros trabalhos que possam vir a ser desenvolvidos.
Para mim, foi uma experiência muito enriquecedora os 3 meses que estive na MONTIS, pois para além de desenvolver o trabalho de campo referente à tese, pude fazer parte da equipa enquanto voluntária e realizar diferentes acções no terreno.
Estou muito grata por todo o apoio e disponibilidade da MONTIS e a todas as pessoas com quem me cruzei e aos amigos que fiz. Agradeço também ao Henrique Pereira dos Santos que enquanto presidente da MONTIS (na altura do estágio) permitiu que isto fosse possível.
Gratidão a todos. Obrigado Montis."
Maria João
A tese da Maria João está disponível no website da Montis, AQUI.
Deixou-nos abaixo o seu testemunho da experiência na MONTIS.
"O meu trabalho aborda os efeitos do fogo controlado nas propriedades do solo, desenvolvimento da vegetação e ocorrência e abundância de artrópodes (carabídeos, outros coleópteros e aranhas) no Baldio de Carvalhais. Consideraram-se as 3 áreas onde foi aplicado o fogo controlado. Para cada área definiu-se uma parcela de amostragem queimada e uma parcela de amostragem não queimada, utilizada como situação de controlo. Em cada parcela recolhi uma amostra integrada de solo, tendo posteriormente analisado a condutividade eléctrica, o pH, a matéria orgânica e a concentração de nutrientes. O coberto vegetal foi determinado em termos da componente específica e do grau de cobertura. A amostragem dos artrópodes foi realizada entre os meses de Março e Maio de 2019 com intervalos de 15 dias com recurso a armadilhas do tipo pitfall.
As análises ao solo mostraram variações em todas as áreas para os nutrientes e condutividade eléctrica. A matéria orgânica e pH evidenciam que o fogo não induziu perturbações no solo. Já o desenvolvimento da vegetação aponta para uma evolução temporal positiva da área queimada há mais tempo para a mais recente, destacando-se Pterospartum tridentatum (carqueja) como uma espécie com elevada resiliência. Os resultados referentes aos artrópodes apresentam uma grande variabilidade, sem um padrão consistente, sobretudo para os carabídeos e coleópteros no geral. As aranhas são o único grupo que apresenta uma tendência homogénea para todas as áreas, com abundância superior em todos os locais de controlo.
O trabalho apresenta algumas limitações no sentido em que não foi possível realizar um estudo comparativo antes e após a aplicação do fogo controlado, tratando-se apenas de uma comparação entre zonas queimadas e zonas equivalentes consideradas como controlo, de modo a observar as diferenças provocadas pela acção do fogo controlado realizado em 3 áreas e anos distintos. Tendo em conta que o trabalho foi feito no âmbito de uma tese de mestrado, tinha objectivos ambiciosos, uma vez que para realizar uma análise mais profunda e obter resultados mais precisos e consistentes seria necessário prolongar o trabalho de campo no tempo e no espaço de modo a ter um maior número de dados para explicar as variações obtidas (solos e carabídeos). Ainda assim com o tempo e recursos que tinha realizei-o com todo o empenho.
Penso que o meu trabalho pode ser visto como um contributo para a MONTIS, não só pelos dados de biodiversidade que foram recolhidos como também poderá servir de base a futuros trabalhos que possam vir a ser desenvolvidos.
Para mim, foi uma experiência muito enriquecedora os 3 meses que estive na MONTIS, pois para além de desenvolver o trabalho de campo referente à tese, pude fazer parte da equipa enquanto voluntária e realizar diferentes acções no terreno.
Estou muito grata por todo o apoio e disponibilidade da MONTIS e a todas as pessoas com quem me cruzei e aos amigos que fiz. Agradeço também ao Henrique Pereira dos Santos que enquanto presidente da MONTIS (na altura do estágio) permitiu que isto fosse possível.
Gratidão a todos. Obrigado Montis."
Maria João
A tese da Maria João está disponível no website da Montis, AQUI.
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