Duas ou três notas sobre doações

 Com base na informação sobre a campanha “Do eucaliptal até à mata”, gostava de fazer alguns comentários pessoais, sobretudo tendo em atenção dúvidas frequentes em relação ao uso das subscrições públicas (que agora se chamam crowdfunding) pela Montis.

Os dados e os gráficos, salvo uma ou outra alteração de pormenor, foram trabalhados por Teresa Gamito.

O primeiro comentário diz respeito à quantidade de donativos, 421, o que é muito bom, e ao facto de haver apenas 9 donativos de empresas. Claro que dos 91 donativos anónimos pode haver alguns que são de empresas. E é também verdade que há donativos repetidos ou reforçados, em diferentes alturas, portanto, em rigor, 421 donativos não correspondem exactamente a 421 entidades, entre pessoas e empresas.

O que estes números querem dizer é que a Montis tem sido pouco eficiente na captação de recursos das empresas – o que não admira tendo em atenção o fraco perfil de comunicação da Montis e a sua notoriedade ser relativamente baixa, não tendo por isso grande coisa a oferecer às empresas, em troca – mas que há bastante gente interessada em que o trabalho da Montis continue (para esses, que não sejam sócios da Montis, sugiro que se inscrevam como sócios, é a maneira mais eficiente de apoiar a Montis e custa apenas vinte euros por ano).

Para além deste aspecto, vale a pena olhar para alguns gráficos


Neste gráfico podemos ver todos os donativos, ao longo do tempo. Se retirarmos seis donativos iguais ou maiores que 500 euros, o que vemos é uma enorme quantidade de donativos, a larga maioria dos quais são donativos médios ou pequenos, que são o mais recompensador da campanha: muita gente a dar o que quer e pode.
A forma como esta evolução pode ser mais facilmente vista é neste gráfico em que se tenta ir percebendo, ao longo da campanha, se se está próximo do que seria a evolução necessária ou se nos estamos a afastar do objectivo.


O terceiro gráfico é uma simplificação do primeiro, ou melhor, o agrupamento dos donativos por dias e, ao contrário do habitual neste tipo de campanhas – que normalmente se caracterizam por um bom arranque, um meio fraco e uma retoma no fim – os melhores dias foram no meio da campanha, embora intercalados por dias fracos que incluem dias sem qualquer donativo.


E gráfico seguinte é o que verdadeiramente caracteriza a campanha, ao agrupar os donativos pelo número de doações em intervalos (escala da esquerda) e pelo valor total que esse intervalo representa (escala da direita).



Se é muito clara a importância das poucas grandes doações, é também muito clara a demonstração que sem muitas doações de baixo valor, a campanha dificilmente teria êxito.
O número de pessoas que fazem doações de 20, 10 e cinco euros é o que verdadeiramente me deixa contente com estes resultados, não é fácil fazer campanhas com estas características (está de parabéns a equipa técnica e a direcção da Montis, por esta ordem, diria eu, pelo trabalho feito) mas olhar para este gráfico compensa bem o esforço durante os últimos dois meses, em que não foi possível contar com os contactos pessoais da maneira habitual nestas campanhas anteriores.
Por mim, aqui ficam boas explicações para muitas das perguntas que são feitas sobre o que realmente representam estas campanhas e o que o suposto anonimato poderá esconder neste tipo de financiamento.
E a conclusão parece-me clara.


Henrique Pereira dos Santos

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