Hoje, 28 de outubro, realizou-se o passeio mensal da MONTIS que decorreu na Mata da Margaraça, para visitar os vestígios da floresta Laurissilva de antes do último período glaciar.
Ao nos aproximarmos da Mata foi possível vislumbrar o colorido da Paisagem que toda a sua biodiversidade lhe confere: verde, laranja, castanho e as diferentes tonalidades desta gama de cores de outono.
Junto ao Centro de Interpretação da Serra do Açor fomos recebidos pela equipa de vigilantes da Natureza, da qual faz parte o nosso guia Nuno Fernandes, com uma introdução à exposição do centro sobre a biodiversidade na Serra do Açor e em particular da Mata da Margaraça, a sua história e origem.
Na exposição foi ainda possível observar alguns dos utensílios que é possível produzir a partir da flora presente na Mata, em particular o cesto ou a gamela feita a partir da madeira de castanheiro. Vimos também os vários produtos que podem ser retirados da paisagem da Serra do Açor, particularmente as espécies medicinais que podem ser utilizadas em simples infusões ou mesmo na medicina/farmacêuticas (aspirina produzida a partir da casca de salgueiro).
Seguimos depois para os trilhos de visitação da Mata onde pudemos observar e identificar diversas espécies, nomeadamente o castanheiro, a cerejeira, o ulmeiro, a aveleira, o azevinho, a gilbardeira, o carvalho-alvarinho, o folhado, o azereiro, o medronheiro, selo-de-salomão, fetos de diversas espécies, orquídeas, entre outras.
Durante a caminhada fomos recolhendo, com autorização do ICNF, sementes de seis espécies diferentes - castanheiro, carvalho-alvarinho, folhado, azereiro, medronheiro e azevinho - com o objetivo de produzirmos algumas plantas para futuramente plantarmos nas propriedades geridas pela MONTIS.
As sementes foram recolhidas ao longo do percurso pedonal e estradões, onde não existe interesse que venham a germinar e a originar um novo indivíduo, deixando as que se encontravam por entre a vegetação para que possam servir de alimento para os animais que habitam a mata, como fuinhas, raposas, texugos, toirão, entre outros, e ainda possibilitar a regeneração natural da mata gerando novos indivíduos que irão substituir as árvores de maior porte e idade.
Foi interessante observar a existência de alguns edifícios que nos remetem para os trabalhos que já decorreram há muito tempo atrás, particularmente os socalcos onde era praticada a agricultura, a casa da eira onde eram malhados e colocados os cereais a secar, o forno de refugo onde se secavam as varas de castanheiro, que serviam para a cestaria, a poça a partir da qual era possível regar todos esses terrenos através das levadas e ainda o moinho junto à linha de água onde se moíam os cereais.
Também a vegetação apresenta evidências dos trabalhos que existiam na época prévia a 1983, ano em que o Estado adquiriu e passou a gerir a Mata como paisagem protegida, particularmente os castanheiros centenários que serviam para gerar as varas utilizadas na cestaria.
Resta-nos agradecer aos Vigilantes da Natureza que nos receberam e guiaram neste passeio, bem como a todos os que nele participaram.
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